Quadrinista se baseou em documentos do século 19 para ser fiel à história da heroína

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Um dos quadrinhos é baseado em uma gravura de Debret (1768-1848). Outro, em um texto de Alexandre Dumas (1802-1870). Um terceiro reproduz um jornal local do século 19.
O gibi "Anita Garibaldi - O Nascimento de uma Heroína" dá testemunho não apenas de uma época, mas também do modo de fazer de um artista que, de tão compromissado com os fatos, tem um quê de historiador.
Na HQ, José Custódio Rosa Filho, 43, narra o período que vai do nascimento de Ana Maria de Jesus Ribeiro (1821) até a transformação dela em símbolo de coragem na Guerra dos Farrapos (1835).
O projeto se iniciou em 2007, quando o autor começou a reunir informações a respeito de Anita Garibaldi, motivado por uma coincidência geográfica: os pais dele são de Laguna (SC), um dos palcos da guerra dela.
No ano seguinte, veio o empurrão. Custódio foi escolhido no edital do Proac (Programa Ação Cultural do Estado de SP) voltado às HQs, pelo qual recebeu R$ 25 mil.
"Mas o dinheiro, para os anos de pesquisa e para a gráfica, não foi o suficiente", diz o autor, em entrevista à Folha -apesar de notar que a verba "foi um apoio fundamental". Custódio lançou o gibi independentemente, sem vínculo a editoras.
Metade do tempo de trabalho foi pesquisando. "Quis que os soldados piemonteses vestissem o uniforme da época, com corte e plumas certos." A outra metade, no desenho feito em pincel.
Outra preocupação foi adaptar o desenho às necessidades de um gibi de história. "Com traço de cartum, as cenas de ação perderiam o sentido", diz Custódio, acostumado à charges de humor.
Quem recebeu atenção especial foi Anita, desenhada a partir de retrato da época. A heroína ganhou também traços de uma mulher que, até então, não estava na história: a esposa de Custódio -que conheceu em Laguna.