São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2011

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Na era do e-book, Bienal do Rio é analógica

Evento brasileiro menospreza livros digitais; visitantes utilizam tablets para acessar redes sociais e tirar fotos

Para diretora da feira, mercado ainda não começou no Brasil; Ziraldo autografou tablets com HQ digital

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

A era do livro digital já começou: e-books são lançados diariamente e os aparelhos para leitura proliferam.
Quem passeou pela Bienal do Livro do Rio, encerrada ontem, viu poucos sinais desse novo mercado.
Em sua 15ª edição, a feira foi um típico evento do século 20, feito para, grosso modo, vender papel. Nas raras editoras em cujos estandes havia algum sinal de e-books, o que se via era um ou dois tablets ou e-readers encostados num canto.
"O mercado do livro digital ainda não começou no Brasil", disse à Folha Sonia Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (que organiza a Bienal). "Ele vai ter uma virada quando os aparelhos digitais de leitura se popularizarem."
Nesse sentido, a feira poderia ter começado a conscientização com seu estande Bienal Digital, onde havia 16 tablets de fabricantes distintos, todos atraindo muitos visitantes -estes, no entanto, nada liam: jogavam, navegavam na web e tiravam fotos.
Os e-books foram mais discutidos do que vistos e lidos -houve palestras sobre eles e um colóquio para debater as bibliotecas da era digital.
Uma das apresentações contrariou a noção de que o mercado do livro digital ainda não começou no país. Carlos Eduardo Ernanny, criador da Xeriph (distribuidora de e-books que reúne mais de 150 editoras), disse já ter um catálogo de mais de 6.000 títulos digitais, a maior parte de editoras pequenas.
Quando se olha para as grandes editoras nacionais, o cenário é diferente: a DLD, distribuidora de e-books que reúne Objetiva, Record, Sextante, Rocco, Planeta e L&PM, tem hoje 650 títulos nesse formato, nem 1% do acervo total dessas editoras.
"Nos bastidores, não há editora no Brasil que não esteja se mexendo", disse Pascoal Soto, da LeYa. "Estamos atrasados em relação a Europa e EUA, mas temos de nos mexer para sobreviver."

FEIRA DE E-BOOKS?
Se os efeitos da tecnologia no mercado editorial foram debatidos, a discussão sobre como será uma bienal de e-books ainda é incipiente.
"A gente tem até brincado sobre isso, se perguntando se, quando o mercado migrar para o digital, a feira vai continuar", disse Sonia Jardim.
Um exemplo de como a feira pode continuar existindo em versão digital foi dado por Ziraldo, que lançou uma HQ para o iPad e esteve no estande da editora Melhoramentos para autografar tablets.
O esquema é análogo ao dos livros tradicionais: o leitor leva a obra (no caso, 15 fãs levaram iPads com a HQ) e o autor a autografa (em uma parte criada especialmente para isso) no aparelho.

>> Leia um balanço da 15ª Bienal do Livro do Rio
folha.com/no973521



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