São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2004

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REPERCUSSÃO

Autran Dourado escritor:
"O Fernando era um grande escritor e "Encontro Marcado" é sua grande obra. Ele sabia escrever, coisa que vai rariando hoje em dia. Escrevia com muito jeito e era extremamente rigoroso com ele mesmo, com sua escrita. Tudo isso com muita observação e humor. Fernando vai atrasado em relação aos amigos Hélio Pelegrino, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Rezende e Marco Aurélio Campos"

Sábato Magaldi escritor:
"Dizem que em Minas Gerais surge uma geração literária de dois em dois anos. Fernando Sabino era o último de seu grupo mais próximo. Eu, Wilson Figueiredo, Francisco Iglésias e Autran Dourado aparecemos e nos juntamos logo em seguida e fundamos a revista literária "Edifício". Fernando era admirado por todos nós. Ele teve uma carreira brilhante, desde de seu livro de estréia "Os Grilos Não Cantam Mais" e tornou-se um dos maiores cronistas do Brasil ao lado de Rubem Braga, por exemplo".

Ziraldo escritor:
"A morte de Fernando encerra o século 20 dos escritores mineiros. Ele veio para o Rio com Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos e foi o único a passar dos 70 anos. Foi uma influência importantíssima para a literatura brasileira. Agora, é necessário fazer uma releitura da obra dele para entender a alma do brasileiro dos últimos 50 anos. Essa geração chegou avassaladora de Minas. Com a morte de Fernando, também se vai a influência pessoal de Mário de Andrade, que chegou a ir a Minas, quando eles estavam com 20 anos, para conhecê-los".

Zelia Cardoso de Melo ex-ministra da Fazenda, inspirou o livro de Sabino "Zélia, uma Paixão":
"Com a morte de Fernando a literatura brasileira perde um de seus maiores expoentes. É dificil dizer qual de seus romances -"O Homem Nu", "O Encontro Marcado", "O Grande Mentecapto" e tantos outros- marcou mais, não só a mim, mas tenho certeza, toda uma geração. Do grupo dos mineiros (Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos), Fernando foi o último a nos deixar, nos dando mais tempo e mais literatura."

Marcos Vinicios Vilaça segundo-secretário da ABL:
"Acho que o prejuízo para o processo de criação e memória é muito grande porque Fernando Sabino aliou o farol da retaguarda como memorialista e a projeção do olho para o futuro. Ele se tornou fundamental para nós".

Cícero Sandroni tesoureiro da ABL:
"Insistimos muito para ele entrar na ABL, mas jamais aceitou. Se ele se candidatasse, seria eleito por unanimidade".

Arnaldo Niskier ex-presidente da ABL:
"Todos nós temos um encontro marcado com a morte. No caso do Sabino, esse encontro acabou antecipado. Além de um extraordinário escritor, ele teve na juventude a sorte de ser um grande nadador. Era um homem de hábitos saudáveis, que não merecia deixar a vida tão cedo. Mas dele ficará a obra do escritor de estilo cristalino, direto e das grandes histórias, principalmente em "O Encontro Marcado", onde ele mostrou com muita propriedade o que foi a sua vida, o seu desprendimento em relação aos bens materiais".

Alberto da Costa e Silva membro do ABL):
"É uma perda enorme para as letras brasileiras. Ele era um escritor de qualidade e exerceu a crônica sempre como um passo para o conto. Quem lia suas crônicas não sabia se ele era um cronista ou um contista. Fernando Sabino mesclava extraordinariamente bem os valores da observação. Deixa uma obra muito importante na crônica e no conto, além de romances da mais alta qualidade, como "O Encontro Marcado". Ele conseguia reunir a rememoração, a evocação do passado e a inventiva, como no caso de "O Menino no Espelho". Foi um grande ficcionista que a crônica tentou roubar, mas não conseguiu".

Tarcísio Padilha ex-presidente da ABL:
"Era um escritor em que a pena fluía como se fosse uma espécie de uma cascata. Ao mesmo tempo, tinha uma humanidade porejante. Nesse sentido, era uma pessoa extraordinária, uma figura humana de grande valor. Ele foi um escritor fulgurante sem perder a simplicidade. Deixa um claro enorme na literatura brasileira e empobrece o país com a sua ausência. No entanto, tenho certeza de que, onde ele estiver agora, terá uma visão unitária da realidade humana, no qual foi um representante privilegiado. Eu sonhava em tê-lo como confrade na academia".

Sérgio Machado diretor presidente da Record:
"É com muita tristeza que recebo essa notícia. Fernando Sabino era muito mais do que um autor e parceiro da Record, era um amigo querido. É o último cavaleiro do quarteto de Minas que se vai. Uma perda irreparável para a cultura e a literatura brasileira."

Arnaldo Bloch jornalista e escritor, autor do livro "Fernando Sabino" (Relume Dumará):
"Fernando Sabino construiu, através de suas crônicas, um retrato contínuo de si próprio, filtrando as fatias incômodas da realidade e perpetuando-se num personagem que, depois, ele próprio assumiu, e com o qual se confundiu. Seu forte, mais que o pujante "O Encontro Marcado", está justamente nestes textos, nos quais imprimiu o melhor de seu estilo permeado de lirismo, inocência e musicalidade."


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