Banda executa músicas de forma burocrática e não arrebata; no mesmo dia, Dave Matthews reduz repertório

CAROL NOGUEIRA
IVAN FINOTTI
ENVIADOS ESPECIAIS A ITU

O discurso ambiental feito antes do show do Kings of Leon no palco Água, no segundo dia do festival SWU, no domingo, já anunciava que algo não sairia bem.
A plateia protestou vaiando frases como "estamos em guerra" e "o planeta pede socorro". Parecia uma preparação para a série de clichês que viria a seguir.
Logo nas primeiras faixas, o público de 56 mil pessoas, 10 mil a mais do que no sábado, reagiu à falta de carisma da banda, que entrou no palco sem dizer nada e só foi se apresentar, dizendo "Obrigado, somos o Kings of Leon", ao final da terceira música.
Apesar da volta ao country no disco "Come around Sundown", lançado neste mês, o Kings of Leon trouxe guitarras com pegada mais rock e baixo bem marcado que já aparece em álbuns como "Youth and Young Manhood" (2003) e "Because of the Times" (2007).
Ponto positivo, aliás, para o sistema de som do SWU no domingo. Era possível ouvir claramente cada instrumento, todos altos e nada embolados. Para quem esperava ouvir um bom rock ao ar livre, conseguiu com a apresentação do Kings.
Mas, alçados ao pop "mainstream", a banda tenta fugir do status que alcançou. Nega que tenha sido convidada para participar de trilhas sonoras de séries pop como "Glee", obriga os fotógrafos a tirarem fotos apenas de lado e por aí vai.
A opção por dois hits na sequência, "Molly's Chamber" e "My Party", levantou o público. Mas, executadas de maneira burocrática e praticamente iguais às versões de estúdio -o que alguns consideram positivo-, as músicas perderam o potencial que inegavelmente têm de arrebatar a multidão.
O Kings of Leon sofre com a falta de interação, de carisma e de saber mesclar repertório. Assim, decepciona fãs sedentos por hits e interação. Do show, fica uma certeza: a banda precisa colocar os pés no chão.

PALCO AR
Em uma apresentação sem surpresas e pouco diferente daquela que fizeram no festival Natura Nós About Us, em 2008, Dave Matthews Band fechou o line-up do palco Ar no domingo.
Sempre engajado em questões ambientais, Matthews fez questão de incentivar alguns dos motes propagados pelo festival, como a sustentabilidade.
Para se adaptar ao horário imposto pela produção, a banda teve de reduzir seu repertório, que às vezes chega a durar quase três horas.
Canções como "Shake Me", "Seven" e "You and Me" foram cantadas pelos muitos fãs na plateia, que se mostrava entretida com o jazz rock da banda.