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CRÍTICA
Capricho visual toma "Medéia"
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN
Realizado em 1988 em vídeo para a TV dinamarquesa, "Medéia" é o segundo longa
do hoje célebre Lars von Trier. A
tarefa era ambiciosa: realizar um
roteiro escrito e não filmado nos
anos 60 pelo mítico e genial diretor dinamarquês Carl T. Dreyer.
O que se vê é um primeiro passo
da apropriação pessoal que Trier
vem realizando da obra de Dreyer, evidente em "Ondas do Destino" (uma releitura de "A Palavra") e mascarada em "Dançando
no Escuro" (Björk enfrentou situações tão torturantes quanto as
que Dreyer impôs a Falconetti em
"A Paixão de Joana D'Arc").
Estetizada ao extremo, "Medéia" revela uma preocupação
pictórica que dominou essa fase
da carreira do diretor pelo menos
até "Europa", depois relegada para seguir os princípios do Dogma.
Em razão disso, o texto euripidiano funciona mais como grife,
pois o que pesa é o capricho visual, que resulta num cinema dos
sentidos, longe das preocupações
espirituais de Dreyer.
Como mérito, resta a presença
extraordinária de Udo Kier como
Jasão. Confrontado com um personagem maior que sua persona,
Kier se liberta de seu próprio clichê e entrega ao público os dilemas de um herói sem caráter.
Avaliação:
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