São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2001

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CRÍTICA

Capricho visual toma "Medéia"

CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN

Realizado em 1988 em vídeo para a TV dinamarquesa, "Medéia" é o segundo longa do hoje célebre Lars von Trier. A tarefa era ambiciosa: realizar um roteiro escrito e não filmado nos anos 60 pelo mítico e genial diretor dinamarquês Carl T. Dreyer.
O que se vê é um primeiro passo da apropriação pessoal que Trier vem realizando da obra de Dreyer, evidente em "Ondas do Destino" (uma releitura de "A Palavra") e mascarada em "Dançando no Escuro" (Björk enfrentou situações tão torturantes quanto as que Dreyer impôs a Falconetti em "A Paixão de Joana D'Arc").
Estetizada ao extremo, "Medéia" revela uma preocupação pictórica que dominou essa fase da carreira do diretor pelo menos até "Europa", depois relegada para seguir os princípios do Dogma.
Em razão disso, o texto euripidiano funciona mais como grife, pois o que pesa é o capricho visual, que resulta num cinema dos sentidos, longe das preocupações espirituais de Dreyer.
Como mérito, resta a presença extraordinária de Udo Kier como Jasão. Confrontado com um personagem maior que sua persona, Kier se liberta de seu próprio clichê e entrega ao público os dilemas de um herói sem caráter.


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