São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2004

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ERIKA PALOMINO

TATI QUEBRA-BARRACO É MUSA DO VERÃO NEOTROPICALISTA

Pronto. Está eleita a musa do verão 2005. Nesta estação de valores neotropicalistas, Tati Quebra-Barraco surge como inspiração e símbolo do momento. Veio desavisada na última temporada de moda, quando apareceu sentada na primeira fila da Cavalera. "Sou feia, mas tô na moda", decretou.
Depois, foi o teórico da vida real Xico Sá quem a percebeu aqui mesmo nesta Folha como síntese do deboche, do novo feminismo popozudo, da pós-modernidade vivida nas ruas e barracos brasileiros. Agora, ela vem nas elitistas páginas da "Vogue", fotografada por Bob Wolfenson e resenhada por Eduardo Logullo. Anuncia uma lipoaspiração mais noticiada do que a de muita global. Na próxima quarta, lança seu esperado CD ("Boladona") numa festa no Lov.e, onde seu principal artífice, o DJ Marlboro, vem arrebentando, na mais criativa experiência de vida noturna da cidade hoje. Atenção: quem quiser ir deve comprar ingresso antecipado no clube (não haverá venda no dia).
Assim, Tati nos ensina (em mau português , é verdade) tudo sobre sexo e sobre controle, num território essencialmente machista -não é assim a sociedade brasileira? Vem com "papo reto" do coração do funk para dar aula de sexo e de malandragem feminina nas zona sul de todo o país. "Escute a minha forma pra você ficar comigo: Você finge que me ama e eu finjo que acredito." Tati não quer saber e não se vende: "Tô podendo pagar hotel pros homens, isso é o que é mais importante".
Ética zero, ela quebra tudo ("demole o meu barraco") e pega o marido das outras ("se marcar, eu beijo meeeesmo", garante, numa das melhores faixas). Também pega geral e não tem medo de dizer como prefere ("69, frango assado, de ladinho a gente gosta", diz a famosa e absurda letra de "Tá Ardendo, Assopra"). Rainha do trocadilho infame e da ambigüidade nas letras.
Tá certo, as bases não são aquela coisa incrível, mas os textos são mesmo inacreditáveis. Como diria a própria Tati, no auge de sua filosofia, demorô já é.

FIM DE ANO ANIMA EM SÃO PAULO
O fim de ano em SP vai ser babado e confusão. Passado o Tim Festival, os clubes e promoters da cidade se agitam em busca de atrações internacionais.
A coisa toda começa na próxima sexta (19/11, meu aniversário!!) com Larry Tee (Electroclash), no Ampgalaxy, e o Chateau Flight, da dupla Nicolas Chaix (I:Cube, estou adorando) e Gilbert Cohen, com mix de house, electro, jazz e música vintage francesa no D-Edge. Quem vem na seqüência é o inglês Mark Moore, do megahit "Theme From S-Express", que toca na nova noite de montação Fesh (23/11), também no Amp.
A Technova (26/11), do Lov.e, recebe o alemão Ian Pooley; o descolado Luomo é a atração da noite itinerante No Hay Banda! (7/12), que estréia no D-Edge. No mesmo clube tem Richie Hawtin (10/12). The Week e Level se agilizam trazendo respectivamente Billy Carroll (11/12) e o top dos remixes hard-house -que reinam nas pistas gays- Peter Rauhofer (17/12).
Na véspera de Natal (24/12) o D-Edge traz o novo hype finlandês Kiki, do superhit "Run with Me". O clube também já confirmou Ivan Smagghe, da moderna noite parisiense Kill the DJ e do descolado clã da Tigersushi, que a gente já superfalou aqui. Arrasaram. Mas ele só vem depois do Carnaval, em março de 2005. Haja saúde clubber, né? Que bom, ao menos acontece alguma coisa.

QUE CHITA BACANA!
E, na onda da brasilidade fa- shion que assola (que bom) o planeta, a chita agora é hype. Vai ser em janeiro, no Sesc Belenzinho, a exposição "Que Chita Bacana", sobre a história da chita e seu uso no design de roupas no Brasil. Um primeiro módulo vai tratar da parte conceitual: o surgimento da chita na Índia no século 16, sua chegada à Europa e ao Brasil. No outro momento a mostra reúne as manifestações populares da chita no folclore -do Carnaval, maracatu e festas populares- e na moda brasileira com peças de Alexandre Herchcovitch, Karlla Girotto, André Lima, Lino Villaventura, Marcelo Sommer, Ronaldo Fraga, Reinaldo Lourenço e até os novíssimos Raia de Goeye, Neon, Amapô e Madalena. A ONG A Casa assina a mostra e um livro que sai na mesma época.


Colaborou Sergio Amaral, free-lance para a Folha

UEBA: MIX BRASIL COMEÇA HOJE
E começa hoje a 12ª edição do Festival de Diversidade Sexual Mix Brasil, em SP. A seleção deste ano está supervariada, privilegiando não somente as produções de caráter underground, mas também filmes de apelo mais comercial. O divertido "D.E.B.S", da abertura ontem à noite, já indicava isso.
Entre os destaques apontados pela diretora do festival, Suzy Capó, estão a retrospectiva de Todd Verow, diretor under norte-americano; o longa "Jackie Curtis, Superstar", sobre a travesti do clã de Andy Warhol, e "Twisted", documentário clubber sobre a turnê de Stuart Who? e Wayne G. por clubes gays do mundo todo. Dos diretores de "Party Monster" há o "O Führer no Armário", que trata da sexualidade de Hitler.
Outras recomendações: as sessões de curtas Mundo Mix, com produções do Canadá, Alemanha, Itália e África do Sul; o longa de ficção ""Eu que Amo Você", um filme russo tipo Almodóvar, e "O Exército das Frutas", tipo "La Chinoise", do Godard, em versão pornô".
Ainda tem pencas de shows no Mix Music, que rola entre 17 e 21 de novembro na galeria Olido (av. São João, 473, centro). Cansei de Ser Sexy (que foi legal, sim, no Tim Festival), Multiplex e Visavis se apresentam. E, claro, todo mundo sempre espera o famoso Show do Gongo, na terça (16/11) no Cinearte, no Conjunto Nacional. Marisa Orth, tradicional "poderosa do gongo" já está confirmada, assim como o top clubber e DJ Johnny Luxo, que no papel de jurado, vai fazer comentários absurdinhos sobre os filmes.
Os ingressos são sempre superdisputados. Ano passado, às 15h, as 450 entradas do cinema já tinham acabado. Confira a programação completa no mix brasil.org.br.

epalomino@folhasp.com.br

na noite ilustrada...
Hoje tem megafesta do Ultralounge na Casa das Caldeiras (av. Francisco Matarazzo, 2.000, Lapa) com os DJs Wayne G. e Stewart Who?, residentes da Heaven em Londres; Camila Kfouri, Liana Padilha e Luca Lauri tocam na Defumadora, no Exxex; no Amp tem a Pif Paf com DJs Atum, Bezzi e Japa Girl no som. Sábado é dia de Babylon na The Week; na noite indie Sound, convidados luxo: Miranda e Kid Vinil. No domingón, tem as já tradicionais e animadas noites de hip hop, no Lov.e, e indie-rock, na A Lôca. No Amp rola Smartbiz Party com Ana Flávia e André Juliani. Pra quem ainda tem saúde rola On the Rocks, na segunda, com o top Lúcio Ribeiro no som e pocket-show da banda Inocentes


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