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No Pará, açaí aparece em receitas doces e salgadas
DO ENVIADO ESPECIAL AO PARÁ
Bolo de açaí, pudim de açaí,
mingau de açaí, açaí com peixe
frito, brigadeiro de açaí, açaí
com farinha, licor de açaí... No
Pará, come-se açaí com tudo.
"Aqui, a gente come açaí até
com ovo frito", conta o pescador Osvaldo Lopes.
A fruta está presente até em
letra de música de banda de carimbó, que se apresentou no
18º Festival do Açaí, realizado
anualmente em Bagre. Nesse
vilarejo colado à ilha de Marajó,
a maior parte da população de
16 mil habitantes vive da pesca
e da colheita do açaí.
O pirarucu, o "bacalhau da
Amazônia", é frito, servido no
prato com feijão tropeiro e arroz. À parte, um pote de açaí.
"Nós é que fazemos errado.
Trouxeram para cá e inventaram de colocar xarope de guaraná, açúcar, guaraná em pó...",
diz Mara Salles, chef do paulistano Tordesilhas. "Tradicionalmente, o açaí é comida de subsistência. Misturam com tapioca, com camarão seco."
Antes de ser transportado
para o sul do país, o açaí é normalmente congelado -seu sabor torna-se mais escasso.
"No interior do Pará, caem
cachos de açaí em cima das casas. Faz parte do ambiente deles, não do nosso. Não é uma
fruta do Sudeste."
Açaí na cozinha
Em um barracão improvisado à beira de um rio no festival
do açaí de Bagre, Maria de
Lourdes Matos de Oliveira, 47,
auxiliar administrativa da prefeitura e "legítima cozinheira
de Bagre há pelo menos 20
anos", prepara pratos como pirarucu salgado, camarão de
água doce frito e torta de camarão (feita com maxixe, feijão
verde, ervilha e milho).
"O povo aqui está acostumado a comer o pirarucu salgado.
Acham que fica melhor do que
o fresco", explica a cozinheira.
Em uma barraca ao lado, o
açaí é amassado em uma grande vasilha de barro por cerca de
20 minutos. Depois, passa por
uma peneira para a retirada do
caroço e do bagaço -permanece apenas o sumo da fruta.
Então, é colocado em uma
geladeira, onde aguarda para
ser consumido com peixe frito
e farinha, ou transformado em
bolo, pudim, licor...
(TN)
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