CRÍTICO DA FOLHA

Em tese, o suspense de um filme de ação sobre uma trama para assassinar alguém se alimenta da dúvida: conseguirão? Seria temeroso fazer isso, por exemplo, com John Kennedy em Dallas ou com o massacre da delegação de Israel na Olimpíada de 1972 -e por isso "JFK" (1991) e "Munique" (2005) optam por outros caminhos.
"Operação Valquíria" segue na contramão dessa ideia, talvez por acreditar que o grande público não saiba direito como, quando e onde Adolf Hitler (1889-1945) morreu. Assim, investe suas fichas -como "O Dia do Chacal", sobre tentativa de assassinato de Charles de Gaulle- na anatomia do fracasso de uma operação que por um triz teria sido bem-sucedida. O diretor é Bryan Singer, revelado com "Os Suspeitos" (1994) e transformado em nome quente com os dois primeiros "X-Men" (2000/2003) e "Superman - O Retorno" (2006), mas o filme é de Tom Cruise, astro e produtor.
Em novo esforço para chegar a um megassucesso depois que "Guerra dos Mundos" (2005) e "Missão: Impossível 3" (2006) tiveram desempenho aquém do esperado, Cruise interpreta o coronel alemão Claus von Stauffenberg, pivô da conspiração militar que tentou assassinar Hitler em 1944.
Valquíria era o nome da operação de mobilização das tropas da reserva alemã em caso de emergência. Von Stauffenberg e seus aliados encontram ali uma brecha para tomar o poder. Conseguirão? Já se conhece o desfecho, mas Singer mantém a tensão como se ninguém soubesse, em aventura de guerra cujos personagens (com raras exceções) se comportam como soldadinhos de chumbo, andando determinados para lá e para cá. (SÉRGIO RIZZO)