São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA COMÉDIA

Peça abraça estereótipos sem pudor e com algum humor

CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

Como escrita e dirigida por Alexandre Biondi, a comédia "Sex and the Sampa" se assume como uma "paródia" de uma das mais bem-sucedidas séries americanas de TV.
Sua ambição é grande, não somente pelo sucesso do "objeto" com o qual tenta dialogar, mas pela opção em lidar com um gênero que utiliza a ironia e o deboche para elaborar questões levantadas no original, oferecendo novos caminhos.
Nesse sentido, o espetáculo brasileiro faz a rota contrária da inspiração importada. A estrutura de narração de Carrie Bradshaw, a jornalista famosa por sua coluna sobre comportamento, é repetida.
Aqui ela é Karen, uma escritora que sai em pesquisa e é engolida por uma batalha entre solteiros e casados.
Porém, se os trunfos da série estão em expor a sexualidade feminina sob nova ótica na cidade de Nova York, Biondi a inverte completamente, abraçando os estereótipos sem nenhum pudor e com algum humor.
Suas personagens femininas são "encalhadas" ou solteiras por opção, "dos homens, é claro". As masculinas passam por crises como sair ou não do armário.
Piadas escatológicas ou de comicidade física dominam a cena. Uma personagem gosta do filme "Avatar", por exemplo, porque ali todos se "conectam pelo rabo". O vestido de noiva clássico balança pelo palco no corpo de um homem desengonçado. O público gosta.
A comédia também brota de peculiaridades paulistanas: comprar a bolsa "Luisa Vuiton" na rua 25 de março, assistir aos tropeços de um motoboy ou aceitar um convite para comer "um grego no Paissandu".
Alguns atores se desdobram em vários papéis, mostrando uma versatilidade que, no entanto, se desequilibra entre os malabarismos de interpretação. Em pleno domínio estão Thiago Lopes como o amigo gay bem resolvido, Gabriella Martins, a amiga fogosa e loira, e Eliana Ravanhani, a carismática narradora em crise.

SEX AND THE SAMPA

QUANDO sáb., às 18h30; até 26/3
ONDE teatro Bibi Ferreira (av. Brig. Luís Antônio, 931, tel.0/xx/11/3105-3129)
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ruim


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