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Menos é mais
Conhecido por estilo austero, o recluso arquiteto suíço Peter Zumthor ganha o Pritzker, prêmio máximo da área
Walter Mair/Divulgação
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Exterior da capela rural Irmão Klaus, em Wachendorf, Alemanha
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois de dois anos seguidos
premiando "estrelas" da arquitetura -Richard Rogers, em
2007, e Jean Nouvel, no ano
passado-, o júri do Pritzker
2009 reservou a um ex-marceneiro, que vive recluso em uma
vila nos Alpes suíços, o prêmio
máximo da área.
Peter Zumthor, 65, é o detentor da honraria, que equivale a
um Nobel da arquitetura, em
sua 31ª edição. O prêmio, de
US$ 100 mil (cerca de R$ 217
mil) e uma medalha de bronze,
será dado em cerimônia que vai
acontecer pela primeira vez na
América do Sul -em Buenos
Aires, em 29 de maio. O anúncio do prêmio foi feito ontem.
Pouco afeito a entrevistas,
conhecido por recusar diversos
projetos e morador de uma vila
com menos de mil habitantes
(Haldenstein), Zumthor era
um dos nomes sempre citados
nos bastidores do meio como
possível premiado.
Na nota oficial da fundação
Hyatt, que organiza o Pritzker,
Zumthor é considerado um
profissional "excepcionalmente determinado", que "combina
clareza e rigor por meio de uma
verdadeira dimensão poética".
"Em uma sociedade que celebra o não essencial, a arquitetura pode colocar-se como resistência", destaca o arquiteto no
comunicado oficial, que reproduz ideias defendidas por ele
no livro "Pensar a Arquitetura"
(ed. Gustavo Gili).
O júri do prêmio -composto
por nove prestigiados profissionais, entre acadêmicos e arquitetos, como o italiano Renzo
Piano, o japonês Shigeru Ban e
o chileno Alejandro Aravena-
frisou alguns projetos-chave de
Zumthor, em especial as termas na cidade suíça de Vals,
"sua obra-prima", mas também
o Museu de Arte Kolumba, em
Colônia (Alemanha), um projeto de linhas contemporâneas,
que se relaciona com "camadas
de história".
Os banhos termais são "um
projeto incontornável na arquitetura contemporânea",
afirma à Folha a crítica de arquitetura portuguesa Ana Vaz
Milheiro, 40. Destacado por
sua extrema sobriedade, o conjunto é frequentemente tido
como um exemplar minimalista da carreira de Zumthor, assim como o museu em Bregenz, na Áustria, que se aproveita discretamente da luz natural para iluminar o interior.
Já o museu em Colônia está
instalado sobre as ruínas de
uma antiga igreja, destruída
durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945). Zumthor
criou uma estrutura de concreto que abriga 17 espaços expositivos de diferentes tamanhos
e iluminações, muitos deles expondo camadas de antigas ocupações do local, algumas do século 7. O museu abriga de peças
medievais a instalações contemporâneas.
Para Milheiro, a melhor fase
da obra do suíço é a dos anos 80
e 90, em que se destacam a capela de São Benedito e as termas, em Vals. "Sua fase recente, sintetizada no projeto da capela em Wachendorf, é quase
puramente artística. Prefiro
Zumthor quando ele recorre ao
ancestral, ao mais clássico."
Os brasileiros Oscar Niemeyer, 101, e Paulo Mendes da Rocha, 80, venceram as edições de
1988 e 2006 do Pritzker.
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