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ACIDENTE
Motos, que representam 8% da frota de veículos na cidade, já são responsáveis por quase 15% dos atropelamentos anuais
Motoqueiros atropelam quatro por dia em São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
O atropelamento de Marcelo
Fromer, do Titãs, anteontem à
noite, reflete uma peculiaridade
da segurança do trânsito de São
Paulo. As motos representam 8%
da frota de veículos, mas já são
responsáveis por quase 15% dos
mais de 11 mil atropelamentos
anuais registrados na cidade, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). A cada dia,
pelo menos quatro pessoas são
atropeladas por motociclistas.
"As principais vítimas são os
pedestres que atravessam no
meio dos carros parados nos congestionamentos. As motos rodam
pelos corredores em alta velocidade e representam alta periculosidade", diz Luís Antonio Seraphim, assessor técnico da presidência da companhia.
A presença dos motoqueiros foi
intensificada nos últimos cinco
anos, quando a frota de motos
praticamente triplicou -de 127
mil para 378 mil-, acompanhando a ampliação dos serviços de
frete, feitos pelos motoboys.
Nesse período, São Paulo teve
redução na quantidade de acidentes e vítimas fatais no trânsito,
mas as ocorrências com motos
não pararam de crescer.
De 1996 a 2000, a quantidade de
motos envolvidas em acidentes
aumentou 73% (de 8.208 para
14.220), enquanto a participação
dos automóveis caiu 12,5% (de
290.381 para 253.961).
A mesma tendência se repetiu
em relação às vítimas fatais do
trânsito paulistano -alta de 12%
nas mortes de motociclistas e
queda de 27% nas demais.
Imprudência
A elevação entre as motos, segundo a CET, está relacionada ao
aumento da frota. "Mas a imprudência continua", ressalva Seraphim. Ele lembra que a frota de
carros também cresceu (5,5%
desde 95) sem aumento do número de acidentes. Os motociclistas
respondem por 16,5% das mortes
no trânsito na cidade em 2000.
Para a CET, os riscos de acidentes e fatalidades com esse tipo de
veículo são maiores por dois motivos. "Primeiro: a moto é mais
frágil. Segundo: os motoqueiros
respeitam menos as regras de
trânsito", afirma Seraphim.
As críticas enfrentam resistência na categoria. Aldemir Martins
de Freitas, presidente da União
dos Motoboys e Afins do Brasil,
diz que há uma perseguição contra os motociclistas. "A CET não
se preocupa com a gente, não faz
nada para evitar os acidentes com
motos. Os carros que ficam mudando de faixa toda hora são os
principais responsáveis."
A principal medida adotada pela CET para reduzir acidentes de
trânsito em São Paulo foi a implantação de radares e lombadas
eletrônicas, em 1997. Esses equipamentos dificilmente flagram os
motociclistas infratores, conforme admite o assessor técnico da
presidência da companhia.
"Elas (as motos) acabam burlando a fiscalização. As placas não
ficam visíveis, porque geralmente, estão tortas", afirma.
No próximo mês, a prefeitura
vai intensificar a fiscalização contra motociclistas, conforme havia
sido divulgado no mês passado.
Atualmente, apenas 1.100 policiais do CPTran (Comando de
Policiamento de Trânsito) aplicam multas por falta de capacete e
faróis apagados das motos. A CET
está treinando 1.200 funcionários
para desempenhar a função.
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