São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2001

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ACIDENTE

Motos, que representam 8% da frota de veículos na cidade, já são responsáveis por quase 15% dos atropelamentos anuais

Motoqueiros atropelam quatro por dia em São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

O atropelamento de Marcelo Fromer, do Titãs, anteontem à noite, reflete uma peculiaridade da segurança do trânsito de São Paulo. As motos representam 8% da frota de veículos, mas já são responsáveis por quase 15% dos mais de 11 mil atropelamentos anuais registrados na cidade, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). A cada dia, pelo menos quatro pessoas são atropeladas por motociclistas.
"As principais vítimas são os pedestres que atravessam no meio dos carros parados nos congestionamentos. As motos rodam pelos corredores em alta velocidade e representam alta periculosidade", diz Luís Antonio Seraphim, assessor técnico da presidência da companhia.
A presença dos motoqueiros foi intensificada nos últimos cinco anos, quando a frota de motos praticamente triplicou -de 127 mil para 378 mil-, acompanhando a ampliação dos serviços de frete, feitos pelos motoboys.
Nesse período, São Paulo teve redução na quantidade de acidentes e vítimas fatais no trânsito, mas as ocorrências com motos não pararam de crescer.
De 1996 a 2000, a quantidade de motos envolvidas em acidentes aumentou 73% (de 8.208 para 14.220), enquanto a participação dos automóveis caiu 12,5% (de 290.381 para 253.961).
A mesma tendência se repetiu em relação às vítimas fatais do trânsito paulistano -alta de 12% nas mortes de motociclistas e queda de 27% nas demais.

Imprudência
A elevação entre as motos, segundo a CET, está relacionada ao aumento da frota. "Mas a imprudência continua", ressalva Seraphim. Ele lembra que a frota de carros também cresceu (5,5% desde 95) sem aumento do número de acidentes. Os motociclistas respondem por 16,5% das mortes no trânsito na cidade em 2000.
Para a CET, os riscos de acidentes e fatalidades com esse tipo de veículo são maiores por dois motivos. "Primeiro: a moto é mais frágil. Segundo: os motoqueiros respeitam menos as regras de trânsito", afirma Seraphim.
As críticas enfrentam resistência na categoria. Aldemir Martins de Freitas, presidente da União dos Motoboys e Afins do Brasil, diz que há uma perseguição contra os motociclistas. "A CET não se preocupa com a gente, não faz nada para evitar os acidentes com motos. Os carros que ficam mudando de faixa toda hora são os principais responsáveis."
A principal medida adotada pela CET para reduzir acidentes de trânsito em São Paulo foi a implantação de radares e lombadas eletrônicas, em 1997. Esses equipamentos dificilmente flagram os motociclistas infratores, conforme admite o assessor técnico da presidência da companhia.
"Elas (as motos) acabam burlando a fiscalização. As placas não ficam visíveis, porque geralmente, estão tortas", afirma.
No próximo mês, a prefeitura vai intensificar a fiscalização contra motociclistas, conforme havia sido divulgado no mês passado.
Atualmente, apenas 1.100 policiais do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito) aplicam multas por falta de capacete e faróis apagados das motos. A CET está treinando 1.200 funcionários para desempenhar a função.


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