São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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TV PAGA

Kitano celebra o amor dilacerado em "Dolls"

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Se ontem foi o Dia dos Namorados, hoje é dia de ressaca. Parece até ironia, mas "Dolls", de Takeshi Kitano, é o destaque deste domingo do Telecine Emotion.
Ironia porque "Dolls" versa sobre amores fracassados, amaldiçoados. Emoção o filme tem de sobra. A maior delas é a tristeza silenciosa. O território em que Kitano caminha vem dilacerado por uma hecatombe, habitado por almas penadas. Se no Dia dos Namorados os casais vão a restaurantes para celebrar, os três pares centrais de "Dolls" não têm outra alternativa a não ser se deixar manipular por um destino infeliz.
Na primeira história, um rapaz abandona sua namorada de longa data, em busca de sucesso fácil em um casamento arranjado. Ela tenta o suicídio, sobrevive, mas enlouquece. Ele volta, e os dois irão caminhar, incomunicáveis, como mendigos, pelas ruas. É o casal que mais se dá bem no filme.
A segunda história traz um chefão da Yakuza que faz um balanço de vida. Irá se lembrar da namorada que abandonou há décadas, que continua esperando, também enlouquecida, pela sua volta. Na terceira, um fã de uma cantora adolescente resolve cometer um sacrifício em nome de sua paixão. Há ainda um deficiente físico que percorre as ruas -igualmente devastado e dependente de um certo tipo de amor.
Kitano faz uma associação que beira o banal -no amor, principalmente, somos guiados por uma força invisível, assim como um boneco de teatro é comandado por um titereiro.
Impera a lógica do haicai, só para citar um item mais óbvio da cultura japonesa. Há o respeito pela simplicidade narrativa, e raciocínios (aparentemente) mais complexos são evitados. Ao final, somos todos espectadores, atônitos e impotentes, como o segurança do mafioso que não impede uma desgraça. Kitano instaura o silêncio enganador. Indiferente não dá para ficar.


DOLLS. Quando: hoje, às 22h, no Telecine Emotion.

TV ABERTA

Coppola une jazz e gângsteres em "Cotton Club"

As Loucas Aventuras de James West
SBT, 13h30.
  (Wild Wild West). EUA, 1999, 107 min. Direção: Barry Sonnenfeld. Com Will Smith, Kevin Kline, Salma Hayek, Kenneth Branagh. Smith e Kline são os pistoleiros designados para desvendar trama liderada por cientista louco que inclui, entre outros, o assassinato do presidente dos EUA. Estamos no Velho Oeste e numa tentativa canhestra de comédia.

A Carrocinha
Cultura, 16h30.

Brasil, 1955, 98 min. Direção: Agostinho Martins Pereira. Com Mazzaropi, Doris Monteiro, Adoniran Barbora. Um Mazzaropi logo após o colapso da Vera Cruz, onde ele faz um laçador de cachorros no interior que, depois de ficar noivo, muda sua atitude e passa a perseguir os cães com fervor para conseguir um extra. Nomes importantes na produção: Walter George Durst é o roteirista. Jacques Dehenzelein, o fotógrafo. Simonetti faz a música. Isso além de Adoniran. P&B.

Guerreiros das Sombras 2
Record, 20h15.
  (Shadow Warriors 2 - Hunt for the Death Merchant). EUA, 1998, 94 min. Direção: John Cassar. Com Terry Hogan, Shannon Tweed, Carl Weathers. Os três guerreiros acima combatem terrorista dotado de armas químicas. Louve-se a economia. Normalmente, usa-se um Exército inteiro para isso.

Hell
SBT, 22h.

(In Hell). EUA, 2000, 96 min. Direção: Ringo Lam. Com Jean-Claude van Damme, Lawrence Taylor. Van Damme é mandado para uma prisão, na Rússia, que é um verdadeiro inferno. No mais, dali é impossível fugir. E quem conseguir o impossível não conseguirá escapar ao campo minado que se segue ao inferno. Mas eles não sabem o que é tratar com Van Damme, evidentemente. Inédito.

A Aposta
Bandeirantes, 21h.

(The Match). Inglaterra, 1999, 96 min. Direção: Mick Davis. Com Max Beesley, Isla Blair. Numa vilazinha inglesa, dois bares que disputam ferozmente a freguesia decidem que um jogo de futebol vai substituir as disputas anteriores.

Todos os Homens do Presidente
Bandeirantes, 0h.

(All the President Men). EUA, 1976, 138 min. Direção: Alan J. Pakula. Com Robert Redford, Dustin Hoffman, Martin Balsam, Jason Robards. A aventura dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, do jornal "Washington Post", que levantam o caso Watergate (invasão do diretório democrata), por ordem do então presidente Richard Nixon. O caso levará Nixon à renúncia, e o assunto é tão bom que até Alan Pakula parece se interessar por ele.

Cotton Club
Globo, 0h30.

(The Cotton Club). EUA, 1984, 127 min. Direção: Francis Ford Coppola. Com Richard Gere, Gregory Hines, Nicolas Cage. Um encontro entre o jazz e os gângsteres, num famoso clube do Harlem onde se reuniam grandes mestres da música e grandes assassinos. Mas um lugar onde a democracia racial vigorava, afinal. Um belo musical de Coppola, recebido com frieza a seu tempo.

A Mão
SBT, 1h.

(The Hand). EUA, 1981, 104 min. Direção: Oliver Stone. Com Michael Caine, Andrea Marcovicci, Annie McEnroe, Bruce McGill Viveca Lindfors e Rosemary Murphy. Em seu primeiro filme realmente profissional (após se consagrar como roteirista de "O Expresso da Meia-Noite"), Stone investe no thriller de horror, com a história da mão de um cartunista que, depois de ser decepada, ganha vida própria. E violenta. (IA)


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