São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006 |
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Curta-metragem Filme capta sonhos de glória esportiva DA REPORTAGEM LOCAL
A comparação é talvez arbitrária; que seja. Há algo de "Cajuína", a canção de Caetano Veloso, no curta "BerlinBall", que
o canal Futura mostra hoje.
Ambos conjugam delicadeza
e profundidade. E, uma explicitamente, o outro nem tanto, fazem a pergunta sobre a vida ("a
que será que se destina?"), sem
angústia.
Para os personagens do filme
de Anna Azevedo, meninos pobres que sonham em dar um
drible na dureza do dia-a-dia, o
bom destino seria deixar Campina Grande, na Paraíba, e repetir a sina do filho da terra
Marcelinho, do Hertha Berlim.
Mas a câmera, depois de uma
rápida passagem pela capital
alemã, teima em não abandonar a "realidade", no Nordeste,
como forma de tratar seu avesso: os sonhos desses meninos.
Na escassez de tudo, não param de jogar e de esperar por
um milagre que os conduza ao
futebol alemão.
Sabemos de antemão que estão condenados ao fracasso. A
mãe de um deles o diz, claramente: "Essa história de Berlim... Não existe, não, Berlim".
A norma dos sonhos, como se
sabe, é não se tornarem realidade. Que importa? O que sobra,
no avesso, a vida de verdade, da
qual Godot ou Pelé nenhum
salvam, é mais digna e valiosa,
embora pobre, do que o sonho
havia feito crer. É essa "matéria
vida", tão fina, que Anna Azevedo revela.
(RAFAEL CARIELLO)
BERLINBALL Quando: hoje, às 22h30 Onde: canal Futura Texto Anterior: Crítica/teatro: Entre o shopping e o Ágora, o teatro espera por seu devido espaço Próximo Texto: Crítica: Monroe e as paixões torrenciais Índice |
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