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DISCO - LANÇAMENTOS
CD ressuscita o melhor de Sinatra ao vivo
AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas
Quem disse que Sinatra morreu? Ei-lo vivo e sedutor como
nunca em "Sinatra '57 - In Concert", de longe o melhor registro
disponível da Voz em ação diante
de uma platéia.
Os anteriores empalidecem em
comparação. "Sinatra at the
Sands" (1966) não se equipara aos
dois LPs de estúdio gravados com
a mesma Count Basie Band. "The
Main Event" (1974), marcando
seu retorno da aposentadoria, é
uma festa mais que um show.
"Sinatra and Sextet - Live in Paris" (1994), apesar da formação
improvisada, era até aqui o melhor instantâneo de Sinatra ao vivo, similar em repertório mas superior em técnica e em pathos a
"Live in Australia, 1959" (1997),
com o quinteto Red Norvo. Já o
recente "The Summit in Concert"
(1999) não registra um show solo
de Sinatra, mas sim um espetáculo divertido e politicamente incorretíssimo de três membros do
Rat Pack -Sinatra, Dean Martin
e Sammy Davis Jr.
Contando com o brasileiro Roberto Quartin como produtor e
Tina Sinatra na produção executiva, "Sinatra '57" flagra-o no auge
de sua colaboração com o maestro e arranjador Nelson Riddle. A
parceria iniciada quatro anos antes resultaria no período áureo da
discografia de Sinatra, mais de
300 gravações em 15 anos de intermitente trabalho conjunto.
É a era dos maravilhosamente
melancólicos álbuns da fase Capitol, títulos obrigatórios como "In
the Wee Small Hours" (1955),
"Only the Lonely" (1958) e "Nice'n'Easy" (1960). Sinatra reinventava a si mesmo, renascendo
da queda profissional do pós-Guerra e amorosa pós-Ava Gardner. Não era mais o jovem crooner romântico da era de ouro das
"big bands".
Surgia o cantor maduro, de pronúncia cristalina e fôlego insuperável, que entoava céticas baladas
que se orgulhavam das cicatrizes
adquiridas.
Ninguém como Nelson Riddle
soube valorizar aquela voz. Miles
Davis notou como os arranjos de
Riddle "preservavam seu espaço". Will Friedwald, autor do estudo maior sobre os estilos musicais de Sinatra ("The Song Is
You", da Capo Press, 1997), destaca a "leveza" como o essencial do
"estilo Riddle".
Sobre bebidas
Na certeira nota introdutória
que acompanha o novo CD,
Friedwald não deixa por menos:
"o concerto de Seattle, de 9 de junho de 1957, é o maior documento de Sinatra e Riddle trabalhando
juntos frente a um auditório". Sinatra surge relaxado, irônico, sensível mas não vulnerável, nem
mesmo quando esquece uma letra ou sente a garganta o trair.
O repertório mescla sucessos
dos álbuns com Riddle e destaques do popularíssmo "Songs for
Young Lovers" (1953), com arranjos de George Siravo.
A primeira metade do show é
alegre e dançante. O ritmo desacelera aos poucos e, após um hilário monólogo em torno de bebidas, chega afinal a hora das baladas. Esteja onde você estiver, são
quinze para três, não há mais ninguém na sala, só ele e você.
Corra para a poltrona predileta,
sirva-se um Jack Daniels e leia ao
lado uma análise faixa a faixa.
Avaliação:
Disco: Sinatra '57 - In Concert
Artista: Frank Sinatra
Como: edição limitada em CD com
cobertura de Ouro 24-Karat, Artanis,
1999
Quanto: US$ 30,97
Onde: encomendas pela
www.amazon.com
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