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RELÂMPAGOS
A conquista
JOÃO GILBERTO NOLL
Ah, era tanto, e Zé em tão
pouco. Se começasse cedo,
antes do sol, talvez pudesse
dar conta de um mínimo até o
fim da tarde. Mas não, até que
acordasse, conseguisse se levantar, abrir o chuveiro e se
dispor a conquistar a urgência da manhã... Queria, sim, o
que o vizinho de corredor
acolhia a cada despertar feito
um ultimato sabe-se lá de onde, até voltar à noite ao seu
abrigo, o apartamento ao lado, com a carne moída para
os gatos, todos em volta dele,
rabo em pé, miando como no
final dos tempos. Ah, era tanto, e Zé em tão pouco. Sentou-se na cama um pouco excitado, como se tivesse toda a
duração do mundo para se
distrair com sexo. Mas agora
decidiu, desceu correndo as
escadas. E diante do porteiro
perguntou, perguntou o quê?,
ah, "Que dia é, hein?".
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