São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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POP

Nova geração reinventa os não sucessos de Marina Lima e Guilherme Arantes

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

A biografia mais profunda de um artista só pode ser definida de fato por meio da história de seus fracassos. Isso vale até mesmo no universo pop, onde fracassar é proibido, mas fundamental para que o artista mantenha em volta de si uma aura cult.
São, portanto, alguns dos momentos mais ricos de Marina Lima e Guilherme Arantes que ganham revisões nos álbuns "Literalmente Loucas" e "A Cara e o Coração".
Produzidos, arranjados, tocados e cantados por músicos da nova geração, os discos trazem os não sucessos dos dois compositores. "Literalmente Loucas" recruta algumas das melhores cantoras da safra 2000.
Estão na ficha técnica nomes como Anelis Assumpção, Andreia Dias, Iara Rennó, Joana Flor, Karina Buhr, Márcia Castro, Nina Becker e Tulipa Ruiz.
Cada menina concebeu o arranjo da própria faixa, o que revela mais sobre suas personalidades individuais do que sobre a beleza original das canções de Marina.
O pop brasileiro amadureceu milênios nos poucos anos que nos separam das gravações originais de Marina -e essas canções não perdem nada na viagem ao futuro, ao nosso presente.
Os argumentos que sustentam a afirmação estão, sobretudo, nas iconoclastas faixas de Anelis ("À Meia Voz"), Tulipa ("Memória Fora de Hora") e Andreia ("Quem É Esse Rapaz").
Mas todas as meninas vão muito bem. Sabem se misturar de fato a Marina, fugindo sempre da sensação de cover.

ROCK BAIANO
Em "A Cara e o Coração", dá-se mais ou menos o inverso. Os não sucessos, aqui, vieram dos álbuns "A Cara e a Coragem" (1978) e "Coração Paulista" (1980).
Em grandes canções existencialistas, Guilherme Arantes brigava com a profissão, com os roqueiros daquela geração, consigo mesmo. O recado ainda vale hoje, intacto. Mas a sonoridade contida naquelas canções não parece tão disposta a viajar no tempo. Sente falta do contexto, da voz, das interpretações originais.
O grande mérito do disco é mapear parte da nova geração do rock baiano: Enio e a Maloca, Hajoe, Magiore, Neologia, o Círculo, Pirigulino Babilake, Quarteto de Cinco, Radiola e Setembro.
A efervescente cena que, nas palavras do próprio Guilherme, vive a sina de ver-se escondida sob a "indústria da alegria" de Salvador. Mas Guilherme sabe que, em certas horas, é melhor ser triste do que alegre.

LITERALMENTE LOUCAS
ARTISTA Vários
LANÇAMENTO Joia Moderna
QUANTO R$25, em média
AVALIAÇÃO ótimo

A CARA E O CORAÇÃO
ARTISTA Vários
LANÇAMENTO Coaxo do Sapo
QUANTO 25, em média
CLASSIFICAÇÃO bom


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