São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011 |
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CRÍTICA ÓPERA Qualidade supera irregularidades de "A Menina das Nuvens" SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA Em "A Flauta Mágica", escrita no último ano da vida de Mozart (1756-1791), a Rainha da Noite surge num crescente trazendo sedução e vingança. Já em "A Menina das Nuvens", a Lua chega cantando uma modinha para resolver todo o conflito. Ao contrário de Mozart, Villa-Lobos (1887-1959) não viveu para ver a estreia de sua "aventura musical". Em cartaz até amanhã, é a primeira ópera apresentada no Theatro Municipal após a reforma. Trata-se da montagem de 2009 do Palácio das Artes de Belo Horizonte, que recebeu o Prêmio Carlos Gomes em cinco categorias. Responsável pela revisão da partitura, o regente Roberto Duarte fez um trabalho de importância histórica incontestável. A direção de William Pereira, os cenários de Rosa Magalhães e a iluminação de Pedro Pederneiras harmonizam-se de maneira notável com a música. O ponto frágil está na adaptação da peça infantil de Lucia Benedetti (1914-98), ao que tudo indica realizada pelo próprio Villa-Lobos. Com a autoconfiança habitual, ele usou a própria prosa singela e coloquial do texto, o que gerou uma escrita vocal plana. Essa monotonia vocal -em contraste com o interesse instrumental, bem ao estilo de "A Floresta do Amazonas"- acentua o humor de um jeito torcido, como se desconfiasse da própria essência do gênero operístico. Gabriella Pace saiu-se bem como a menina Cacilda, que, criada nas nuvens pelo Tempo (Lício Bruno), volta para visitar a casa natal onde vivem Mãe (Silvia Tessuto) e Anita (a ótima soprano Fabíola Protzner). Ela é ajudada pelo Vento Variável (Homero Velho) e por Corisco -faísca que sonha ser raio de Sol-, um dos destaques na interpretação do barítono Inácio De Nonno. Entre os que fazem tudo para atrapalhar estão o Soldado (Flávio Leite) e a Rainha (Regina Elena Mesquita), em perfeita sintonia, nesta montagem que insere "A Menina das Nuvens" no mapa da música brasileira. A MENINA DAS NUVENS QUANDO hoje, às 20h, e amanhã, às 17h ONDE Theatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/11/3397-0327) QUANTO de R$ 15 a R$ 70 CLASSIFICAÇÃO livre AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: POP: Nova geração reinventa os não sucessos de Marina Lima e Guilherme Arantes Próximo Texto: Peça usa Stálin como metáfora para discutir poder e manipulação Índice | Comunicar Erros |
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