São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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Coleção Prosa do Mundo faz dez anos

Marcada pela diversidade, série publicada pela Cosac Naify reúne textos clássicos e autores menos conhecidos

Além de traduzidos da língua original, títulos trazem ensaios críticos de nomes de peso, como Barthes e Dostoiévski

DANIEL BENEVIDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A coleção Prosa do Mundo, criada há dez anos pela Cosac Naify, chega ao 25º título, "O Clube do Suicídio", de Robert Louis Stevenson, e continua desafiando o leitor -no melhor dos sentidos.
Ao olhar o conjunto da coleção, com suas belas edições de capa dura, a pergunta é inevitável: o que une, por exemplo, livros tão díspares como o erótico "A História do Olho", de Georges Bataille,e a novela "Padre Sérgio", de Liev Tolstói? Ou "Satíricon" de Petrônio, e "O Exército da Cavalaria", de Isaac Bábel?
Uma certa idiossincrasia parece percorrer a escolha.
"A gente buscou mostrar o lado menos comum ou menos óbvio de alguns grandes autores e ao mesmo tempo resgatar nomes menos conhecidos, mas de igual qualidade", explica Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Cosac Naify.
"A variedade dos livros selecionados é uma das riquezas da coleção e uma demonstração de como é vivo, contraditório e complexo o universo do que chamamos literatura", complementa o crítico Davi Arrigucci Jr., que, até o livro de Stevenson, fazia parte do conselho editorial da Prosa do Mundo, assim como Augusto Massi.
"Cuidamos muito da seleção dos ensaios e sugestões de leitura que acompanham nossas escolhas", continua Arrigucci.
Nomes de peso como Antonio Candido, Italo Calvino, Roland Barthes e Fiódor Dostoiévski, entre outros, assinam alguns desse ensaios. Samuel Titan Jr. foi o coordenador editorial da coleção desde o começo até o 20º volume, quando também saiu da editora.
Ele lembra que um dos objetivos da Prosa do Mundo era "tratar o livro clássico como se trata um livro contemporâneo de sucesso, com todo o apuro editorial possível".
Com traduções feitas sempre diretamente do original, a coleção traz também clássicos escritos em línguas "distantes" e que nunca tinham sido traduzidos no Brasil.
"Niels Lyhne", do dinamarquês Jens Peter Jacobsen, é um deles, assim como "O Companheiro de Viagem", surpreendente novela do húngaro Gyula Krúdy.
No conjunto, a coleção vendeu cerca de 100 mil exemplares. Machado diz que já há pelo menos cinco novos livros engatilhados. O próximo, que deve ser lançado até o fim do ano ou início do ano que vem, reúne "Lojas de Canela" e "Sanatório", duas novelas do escritor e pintor judeu Bruno Schulz, que foi fuzilado pelos nazistas em 1941 e se tornou figura de culto.
Muitos dos títulos anteriores estão sendo relançados, alguns com novas sobrecapas (ao invés de seguir um padrão, como é de praxe, cada livro traz uma sobrecapa bem diversa).
Eles trazem também novas ilustrações e atualização das traduções e das valiosas "sugestões de leituras", que aparecem ao final dos livros.


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