São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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depoimento

Deveríamos fechar o teatro em memória

BIBI FERREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eu e o Paulo trabalhamos juntos em dois musicais que marcaram nossas carreiras. Em 1962, fizemos "My Fair Lady", ao lado de Jaime Costa, Elza Gomes, Marília Pêra, Sérgio Viotti e outros, com direção de Victor Berbara.
Dez anos depois, foi a vez de "O Homem de La Mancha", dirigido por Flávio Rangel.
Uma coisa maravilhosa na vida do Paulo é que ele nunca cedeu em fazer algo mais fácil para angariar mais. Sempre trabalhou com uma decência artística incrível. É um exemplo de vida de um homem de teatro. Ele se dizia "apenas" um homem de teatro, mas era um verdadeiro homem de teatro. Acho que nós, da classe teatral, deveríamos fechar os teatros em respeito à memória desse homem fantástico. Não sei se Paulo aprovaria, mas é um luto para o teatro nacional.
Paulo era digno não só sobre o palco mas fora dele, fazendo questão de transmitir aos colegas, nos bastidores, respeito para entrar em cena e receber os aplausos mais merecidos. Era cavalheiro, homem educado e alegre.
Lembro-me que em "My Fair Lady" ele sofreu um acidente e ficou semanas num hospital. Ele superou aquela fase, porque era um homem otimista. Quando via que não podia com a saúde, logo se tratava para voltar ao palco.
Paulo Autran foi o maior ator do moderno teatro brasileiro. Perdemos um grande amigo, representante da geração de força que atravessou décadas.


BIBI FERREIRA , 85, é atriz e diretora de teatro


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