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Aos 47, Vik Muniz ganha livro que reúne toda a obra
Artista que mora em Nova York tem todos os trabalhos reunidos em catálogo
Objetos e séries pouco conhecidas se destacam no raisonné, publicação que pela primeira vez é dedicada a um brasileiro vivo
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma espécie de "lado B" da
produção do badalado Vik Muniz irrompe do volumoso catálogo raisonné da sua obra, que
acaba de ser lançado no Brasil.
No país, é um caso único esse
tipo de catálogo referencial ser
dedicado à obra de um artista
vivo. No Brasil, apenas nomes
como Portinari (1903-1962) e
Tarsila do Amaral (1886-1973)
tiveram toda a produção organizada em publicações do tipo.
Nas 710 páginas da edição,
lançada pela editora Capivara,
há o registro da produção mais
famosa do artista, a fotografia
que faz referência a obras-chave da história da arte.
Mas há também objetos estranhos, registros fotográficos
inspirados no minimalismo
norte-americano e até uma série erótica, entre outras peças.
"Sinceramente, havia coisas
que não tinha a menor ideia de
que tinha feito, parece que tinham sido apagadas da minha
cabeça", conta Vik, 47.
Séries menos conhecidas de
Vik influenciaram sua decisão
de produzir novamente objetos, centro de sua próxima exposição no Brasil, em setembro
do ano que vem, na Casa de
Cultura Laura Alvim, no Rio.
"O catálogo é como se fosse
apresentado a você uma grande
árvore. Cada galho e bifurcação
é um lado da sua produção, que
poderia ter sido desenvolvido e
não foi por um ou outro motivo.
Mas você sempre pode voltar
neles", diz o artista.
Na publicação, fica clara a influência da arte norte-americana no desenvolvimento da obra
de Vik. O minimalismo e até a
land art (gênero da arte onde as
condições naturais são decisivas para a criação de uma obra
de arte) passeiam por algumas
séries do artista.
"Cheguei em 1983 nos Estados Unidos. Toda a minha carreira foi desenvolvida por aqui.
Por isso, considero muito importantes nomes como Robert
Smithson, Walter De Maria e
Robert Morris", diz ele.
Para Vik, sua arte começou a
ganhar corpo em 1996, com a
série "Crianças de Açúcar".
"Os anos 90 tinham sido
ruins. Estava pensando em
abandonar essa coisa de ser artista. Aí expus essa série em
uma pequena galeria do SoHo e
foi um sucesso, deu uma grande
repercussão. Expus no MoMA
[o Museu de Arte Moderna de
Nova York] logo depois."
Vik deve ir no fim de janeiro
para a pequena Park City, em
Utah, acompanhar a sessão de
"Lixo Extraordinário" no Festival Sundance. A produção
mostra o artista criando peças
no aterro do Jardim Gramacho,
em Duque de Caxias (RJ).
VIK MUNIZ - OBRA COMPLETA,
1987-2009
Organizador: Pedro Corrêa do Lago
Editora: Capivara
Quanto: R$ 198 (710 págs.)
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