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Anna, o rei e a polêmica
Divulgação
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Anna Leonowens (Jodie Foster) dança com o rei Mongkut (Chow Yun-Fat), em cena da nova fita |
Chega ao Brasil nova versão para o cinema dos diários da tutora inglesa dos 58 filhos do rei do Sião, hoje Tailândia -onde, aliás, não gostaram nada da história
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CLAUDIO CASTILHO
especial para a Folha em Los Angeles
Não chame Jodie Foster para
uma conversa na qual o assunto
principal seja a paternidade de
seu filho Charles Foster, de 1 ano
e meio de idade, ou sua secreta vida sentimental.
Agora, se o convite é para falar
da arte que iniciou profissionalmente quando tinha somente 3
anos de idade, fazendo comerciais do bronzeador Coppertone
para a TV, a atriz pode até, com
prazer, estender a conversa.
Hoje, aos 37 anos e um número
quase igual de filmes (são 33, entre eles clássicos como "Taxi Driver"), dois Oscar, produtora e dona da Egg Pictures e diretora de
"Mentes Que Brilham" (91) e
"Home for the Holidays" (95),
Foster está para lá do Oriente.
Às voltas com o controvertido
drama "Anna e o Rei" -que estréia hoje no Brasil, co-estrelado
por um dos atores mais famosos
da Ásia, Chow Yun-Fat-, ela recebeu a Folha para falar do filme,
sua posição em relação ao repúdio à produção pelo governo da
Tailândia e sobre novos projetos.
Em "Anna e o Rei", de Andy
Tennant ("Para Sempre Cinderella"), baseado no diário de Anna
Leonowens, Jodie Foster interpreta o papel da professora inglesa incumbida de ensinar sua língua aos 58 filhos do rei Mongkut,
do então Sião (atual Tailândia),
em 1862. A suposta relação entre
os dois e a imagem do rei mostrada desagradaram a monarquia
tailandesa, que proibiu as filmagens e exibição do filme no país.
Na entrevista, Jodie Foster preferiu não contra-atacar as medidas do governo tailandês, dizendo entender, em parte, a proteção
da monarquia às tradições daquele país. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Folha - Por que uma nova versão dessa história?
Jodie Foster - Essa é uma história completamente diferente das
outras. Diferente do enfoque dado pelo musical da Broadway, da
versão em desenho animado e do
filme de Rex Harrison, que apresenta um lado mais obscuro da
história. Nosso objetivo foi mostrar o aspecto misterioso do local
onde a relação entre Anna e
Mongkut aconteceu. Queríamos
fazer o filme com uma visão asiática, e não somente do ponto de
vista colonial inglês.
Folha - Como você viu as represálias do governo tailandês?
Foster - Elas funcionaram, de
certo modo. Tanto que nós tivemos de filmar na Malásia.
O governo tailandês possui um
respeito e lealdade muito fortes
em relação a sua história e reinado, valores que considero válidos.
Eles se sentiram ofendidos com
o filme, e os respeito pela necessidade de tentar proteger a imagem
de seu povo. O fato de o governo
tailandês proibir a exibição lá não
significa que, lá no fundo, secretamente, eles não concordem que
nossas intenções foram honestas
ao retratar aquele período da história de seu país.
Folha - Como foram as negociações com a Tailândia antes
da decisão de filmar na Malásia?
Foster - Eles quase aceitaram a
nossa presença na Tailândia. Não
criticaram o roteiro, só queriam
preservar a imagem de seu rei. O
ministro do Turismo local inclusive queria, por razões óbvias, que
as filmagens fossem feitas lá.
O que nos fez mudar de local foi
a imensa burocracia daquele país,
que não permitiu uma agilização
dos acordos necessários. Como
não tínhamos tanto tempo a perder, a mudança para a Malásia se
tornou inevitável.
Folha - Você acredita no romance entre Anna e o rei?
Foster - Não. Nunca existiu um
romance entre os dois. E o filme
deixa isso bem claro. Acredito,
sim, que Anna tinha uma quedinha pelo rei do Sião. Ela o respeitava e se sentia mentalmente
atraída por ele. Não acho que ele
percebesse, mas a respeitava de
modo diferente do que às outras
mulheres de sua vida, talvez pelo
fato de ela se relacionar de igual
para igual com o rei.
Folha - Fazer "Hannibal" é carta fora do baralho?
Foster - Sinto-me gratificada
com o interesse de tantas pessoas
pela minha participação nesse
projeto. O que posso dizer é que
espero poder um dia voltar a interpretar a personagem Clarice
Starling. Mas isso, infelizmente,
não é um realidade no momento.
Espero por isso há muito tempo, mas não aceitarei fazer outra
versão de "O Silêncio dos Inocentes" sem um magnífico roteiro
nas mãos. Clarice é uma de minhas personagens prediletas, tenho de ter cuidado com ela.
Folha - E quando você volta à
cadeira do diretor?
Foster - "Flora Plum" será meu
próximo filme como diretora.
Trata da vida de uma jovem acrobata que viveu nos anos 30, nos
EUA. Estou trabalhando nesse filme já há alguns anos. Gosto da
oportunidade de poder discutir a
vida de artistas, suas personalidades e a formação de suas famílias.
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