São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

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"Dreamgirls" e "Borat" estão entre favoritos

Premiação deve privilegiar sucessos de público; Meryl Streep e Sacha Baron Cohen são apostas entre atores

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA, EM NOVA YORK

É provável que os correspondentes estrangeiros que formam o diminuto colégio eleitoral do Globo de Ouro estejam próximos de Hollywood a ponto de se sentir parte da indústria, mas não o são, ou não deveriam ser. Fontes são de um mundo; repórteres, de outro.
Seu prêmio não representa a indústria, mas jornalistas alinhados com o sentimento do "povo", que se manifesta na bilheteria e com a idéia de não desagradar quem lhes arruma entrevistas e mantém abertos os canais com os estúdios.
Em quem essa turma terá votado? Na categoria comédia ou musical, "Dreamgirls" parece barbada, embora "Pequena Miss Sunshine" tenha feito carreira surpreendente. Meryl Streep ("O Diabo Veste Prada") e Sacha Baron Cohen ("Borat"), âncoras de comédias bem-sucedidas, são apostas fortes entre os atores. Entre os dramas, "Bobby" e "Little Children" estão lá só para completar os cinco candidatos. O cavalo mais nobre é "A Rainha", que deve valer a Helen Mirren o prêmio de melhor atriz. "Os Infiltrados" e "Babel" correm por fora.
Forest Whitaker, o Idi Amin de "O Último Rei da Escócia", já foi considerado barbada para o Globo de Ouro e para o Oscar, mas Peter O'Toole ("Venus") talvez não tenha outra chance, e Leonardo DiCaprio (indicado por "Os Infiltrados" e "Diamante de Sangue") inclui em seu fã-clube os correspondentes estrangeiros de Hollywood.
"Dreamgirls" deve levar o prêmio de atriz coadjuvante (Jennifer Hudson) e talvez o de ator coadjuvante (Eddie Murphy como nunca se viu antes, o que não significa tanto, mas já faz diferença).
Categorias abertas a toda sorte de especulações são as de diretor e filme estrangeiro. Um prêmio de drama para "A Rainha" aproximaria o Globo de Ouro de Stephen Frears, mas Clint Eastwood disputa com "Flags of Our Fathers" e "Letters from Iwo Jima", e Scorsese sempre parece alguém que já merecia o prêmio (esse ele já tem, por "Gangues de Nova York", diferentemente do Oscar e do prêmio do sindicato dos diretores). "Letters..." seria escolha óbvia entre os filmes estrangeiros se não concorresse com Almodóvar ("Volver"), sempre prestigiado nos EUA, e com "O Labirinto do Fauno", que teve recepção calorosa e é mais genuinamente "estrangeiro" do que o filme de Eastwood (falado em japonês).


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