São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CDs

Instrumental
Lume
    
CHICO BATERA
Gravadora:
Biscoito Fino; Quanto: R$ 33, em média Felizmente, Chico Batera não é desses percussionistas e bateristas que gostam de aparecer mais do que a música. Talvez por isso já tenha tocado com meia MPB e esteja há 28 com seu xará Buarque -que participa deste CD na única faixa com letra, a sua "Iracema Voou", em andamento mais lento do que o original. Em "Lume", Batera atua em conjunto com Kiko Continentino (piano) e Luiz Alves (contrabaixo), sem que ninguém ofusque a beleza do repertório. O início é arrasador, com o choro clássico "André do Sapato Novo" e duas peças da fase norte-americana de Tom Jobim: "Quebra-Pedra" e "Mojave". Ainda se destacam "Samba e Amor" (Chico Buarque) e "Acaba Logo com Esse Choro" (Batera).
POR QUE OUVIR: é raro encontrar um CD de percussionista em que intensidade rime com suavidade. Chico Batera conseguiu. (LFV)

Jazz
Dreamland
   
MADELEINE PEYROUX
Gravadora:
Warner; Quanto: R$ 35, em média A cantora tinha apenas 21 anos quando lançou "Dreamland", seu disco de estréia que chega em versão nacional com dez anos de atraso -o segundo, "Careless Love", saiu no ano passado. De cara comparada a Billie Holiday, a norte-americana de ascendência francesa não é uma tentativa de recriar o mito. Voz, arranjos e repertório (com exceção da mais que óbvia "La Vie en Rose") são impecáveis. Sorte a dela (e a nossa) da voz que tem. Só não ganha quatro estrelas porque dez anos é muito tempo para a gravadora lançar um disco no Brasil. A esperança é que o próximo, que sai em setembro nos EUA, chegue mais rápido por aqui.
POR QUE OUVIR: é uma das melhores e mais promissoras cantoras dos últimos tempos; é pop -está até na trilha da recém-encerrada novela das oito com "Dance me to the End of Love", de "Careless Love"; e é uma jazzista de primeira. (TEREZA NOVAES)

MPB
Achou!
   
CEUMAR e DANTE OZZETTI
Gravadora:
MCD; Quanto: R$ 22, em média Deu bom fruto o encontro de Ceumar e Dante Ozzetti no ano passado, quando a cantora conquistou o segundo lugar do Festival da TV Cultura com o álbum "Achou!", do compositor (com Luiz Tatit). Estimulado por Ceumar, Ozzetti criou um repertório especialmente para este CD, arregimentando letristas como Zélia Duncan, Zeca Baleiro, Chico César e Alzira Espíndola -autora dos versos de "Parte B", a mais bela canção do disco, graças também ao piano de Lincoln Antonio. Nem todas as músicas são brilhantes, mas o resultado é coeso por causa da unidade sonora e do clima amoroso do disco.
POR QUE OUVIR: Em músicas como "Partidão", "Achou!", "Parte B" e "Visões", ficam ressaltadas a beleza sem excessos da voz da cantora Ceumar e a complexa simplicidade das melodias de Dante Ozzetti. (LFV)

Eletrônica
Transformer
   
VÁRIOS
Gravadora:
Salazarte; Quanto: R$ 21,50, em média CDs de remixes são lançados aos montes. A graça deste é que reúne produtores e DJs brasileiros, como Bruno Pedrosa, Dolores, Drumagick, Digital Groove e Originais do Sample, entre outros, remixando artistas pernambucanos da nova e velha escola. Estão lá remanescentes do mangue beat, como Mundo Livre S/A e Eddie, os punks do Faces do Subúrbio, o coletivo Re:Combo, os veteranos Erasto Vasconcelos e Silvério Pessoa, além dos novatos Mombojó, Cordel do Fogo Encantado e Variant.
POR QUE OUVIR: porque além de dar um panorama da efervescente cena musical de Pernambuco, apresentando ao Sudeste boas novidades, como a banda Variant, algumas músicas ganham interpretações até mais empolgantes que a original, como "Morte e Vida Stanley", versão do Originais do Sample para o Cordel. (AFS)

Jazz
Without a Song
   
SONNY ROLLINS
Gravadora:
Milestone/Universal; Quanto: R$ 37, em média Gravado em setembro de 2001, quatro dias após os ataques terroristas em Nova York, esse álbum existe porque Sonny Rollins morava perto das torres gêmeas e as viu serem destruídas. Ainda sob o impacto da tragédia, o saxofonista insistiu em fazer esse concerto, em Boston. "Precisamos manter a música viva", disse à platéia, que acompanhou com especial emoção suas longas versões de standards como "A Nightingale Sang in Berkeley Square", e "Why Was I Born". Para um show gravado ao vivo, a qualidade sonora supera a média.
POR QUE OUVIR: Sonny Rollins é um dos maiores estilistas do sax tenor e um dos poucos remanescentes da geração que criou o estilo hard bop. Estava em grande forma, aos 71 anos. (CARLOS CALADO)

Rock
Ahead of the Lions
 
LIVING THINGS
Gravadora:
Sony/BMG; Quanto: R$ 32, em média St. Louis já tinha uma bela banda de glam rock, o Louis XIV. Os Living Things não arrumaram um nome tão legal e ainda conseguiram um repertório audivelmente inferior. A inspiração saudável é o T. Rex, Stooges e até AC/ DC, o single "Bom Bom Bom" ganhou um ótimo clipe, e o encarte é realmente inspirado, mas o mesmo não se pode dizer dos rocks de Lillian Berlin (guitarra e voz), que se ancora em letras antibelicistas e anticaretices em geral -como um apóstolo Pedro do rock, chega a negar Jesus três vezes: em "No New Jesus", "March in Daylight" e "Keep It "til You Fold". Às vezes soa como um Marilyn Manson com guitarras mais frouxas, o que seria bom, se as canções fossem excitantes.
POR QUE NÃO OUVIR: Os riffs são previsíveis, as melodias são lineares e raramente o disco sai da óbvia imitação de grandes ídolos. Faltou ambição, sobrou mensagem. (MÁRVIO DOS ANJOS)


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Relançamentos lembram criação do "estilo Bethânia"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.