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Margem direita
Principal nome identificado com a "direitização" dos intelectuais franceses, o filósofo André Glucksmann diz em entrevista que antiamericanismo é a "religião dos imbecis"
Joel Robine/France Presse
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André Glucksmann, 70, que apóia a ação dos EUA no Iraque e lança o livro "O Discurso do Ódio" |
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
"O que está acontecendo com
os intelectuais franceses?" Essa
pergunta vem se repetindo na
tradicional imprensa de "gauche" (esquerda) francesa, que
investiga nos últimos meses as
razões para a "direitização" de
algumas de suas principais estrelas pensantes. Já não é de
hoje que muitos deles vêm
abandonando a "rive gauche", a
margem esquerda do Sena que
abriga a mítica Sorbonne, em
direção à direita.
O neologismo "néoréac"
(neo-reacionário) surgiu para
identificar as vozes desse movimento que não se abalou -ou
francamente aplaudiu- a derrota do Partido Socialista nas
últimas eleições francesas.
Quem mais "radicalizou" até
agora foi André Glucksmann,
uma das vedetes da nova filosofia, o grupo que nos anos 70 se
rebelou contra a filosofia tradicional e contra as "barbáries"
da ideologia comunista -de
preferência diante dos holofotes. O filósofo foi o primeiro a
apoiar publicamente Nicolas
Sarkozy, para escândalo de
seus pares de academia. E pior,
fez isso publicando um artigo
no "Le Monde", identificado
com os socialistas.
Uma mudança e tanto para
um daqueles jovens que militavam no maoísmo e que correram aos cinemas em 1968 para
assistir a "A Chinesa", de Jean-Luc Godard. Foi nesse ano que
Glucksmann publicou seu primeiro livro, "Le Discours de la
Guerre" (o discurso da guerra).
Com um discurso cada vez mais
virulento, é hoje um dos poucos
intelectuais que apóiam abertamente os EUA na Guerra do
Iraque.
Agora, ele lança no Brasil "O
Discurso do Ódio" (Difel), em
que identifica o terrorismo
pós-11 de Setembro como a
maior ameaça já enfrentada pela humanidade. Em entrevista,
o autor avalia que a esquerda
"vai muito mal", afirma que o
antiamericanismo é a religião
"dos imbecis", que Fidel Castro
não é de esquerda e que Hugo
Chávez e Evo Morales representam uma onda "populista,
militar e reacionária".
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