São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros teatro Philippe Genty estreia peça no Municipal Um dos principais nomes do teatro francês une dança e marionetes em "Viajantes Imóveis", que terá duas sessões Mais famoso trabalho do grupo do diretor, espetáculo foi inspirado por viagem ao redor do mundo nos anos 1960 GABRIELA MELLÃO DE SÃO PAULO A bordo de um pequeno carro, o francês Philippe Genty rodou o mundo entre 1962 e 1966. O mago do teatro visual francês, criador da companhia que leva seu nome e há 40 anos é referência na arte que mistura teatro, dança, música e manipulação de objetos, precisou de algumas décadas para decantar a experiência e levá-la ao palco. "Viajantes Imóveis", que é encenado neste fim de semana no Theatro Municipal, retrata o que ficou desse percurso em seu inconsciente. Considerada sua criação mais famosa, a obra, de 1995, já passou por vários países. "Atravessei inúmeros desertos ao rodar os quatro cantos do globo. A imensidão parece não ter fim, faz o tempo parar. Me sentia imóvel, sensação que só enriqueceu a percepção de que aquela jornada era sobretudo interna, uma maneira de explorar minha própria mente", diz Genty à Folha. Agora é a vez de o espectador brasileiro aventurar-se por diferentes paisagens sem sair do lugar, como sugere o título do espetáculo. O artista pinta quadros usando papel kraft, plástico e iluminação. Nas cenas que cria, objetos e pessoas aparecem e desaparecem como num passe de mágica. Segundo ele, o percurso de sua poesia visual busca "a estrutura dos sonhos e formas que têm valor apenas para o sonhador". A linguagem de "Viajantes Imóveis" é essencialmente visual. A dramaturgia está presente no movimento dos corpos e nos objetos que parecem sofrer constante metamorfose no palco. A imaginação de Genty faz o deserto transformar-se em mar, bebês caírem do céu e homens brotarem do solo. Um papel levado pelo vento se transforma continuamente, dando vida a diversos objetos. Vira, por exemplo, um cobertor, uma mão e um rosto que se despedaça. "A ilusão me ajuda a esmigalhar a razão e a abrir o portão do inconsciente do espectador", explica. Cabe a cada membro da plateia criar sua própria história. "Desejo colocar o espectador num lugar de autonomia, onde ele passa a descobrir dentro de si mesmo a continuação para aquilo que é percebido no palco", diz. Não é comum o Municipal abrigar espetáculos de animação, mas, por conta de sua beleza, "Viajantes Imóveis" parece estar em casa. VIAJANTES IMÓVEIS QUANDO amanhã, às 21h, e sáb., às 20h ONDE Theatro Municipal de São Paulo (praça Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/11/3397-0300) QUANTO de R$ 20 a R$ 70 CLASSIFICAÇÃO livre Texto Anterior: MoMA aposta em mistura de arte com luxo Próximo Texto: Grupo belga recria glamour de cena gay dos anos 1970 Índice | Comunicar Erros

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