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MÚSICA
Inédita maratona de apresentações internacionais no país neste segundo semestre ataca o bolso de roqueiros e clubbers
Fãs comemoram shows, mas reclamam dos preços
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A menos que você seja um, digamos, membro da quadrilha que
roubou R$ 160 milhões do BC de
Fortaleza, encarar a seqüência de
shows e festivais que chegam ao
Brasil até o final do ano é tarefa financeiramente complicada -para dizer o mínimo.
Para assistir ao primeiro grande
evento deste segundo semestre,
em São Paulo, a apresentação da
banda americana Cake, na semana passada, já foram necessários
R$ 120. O hotel Unique, local do
show, recebeu 2.000 pessoas.
Ontem e na última sexta a cidade abrigou a primeira edição do
Campari Rock. Para o primeiro
dia, que teve The Kills, os DJs Optimo e outras bandas brasileiras,
os ingressos custavam R$ 60. Para
o sábado, noite encabeçada pelo
MC5, mais R$ 70.
Ao comentar a planilha de custos dos grandes eventos com artistas internacionais no país, promotores dos shows costumam
sempre apontar o dedo para dois
alvos: o valor do dólar, que encareceria passagens aéreas, e a famigerada carteirinha de estudante.
"Vou deixar de ir em alguns
desses shows por causa do preço.
Foge da realidade do Brasil", afirmou Cristiano Canguçu, 31, designer gráfico. Canguçu disse que
provavelmente deixará de assistir
ao norte-americano Moby, em setembro. Deve ir à festa paulistana
patrocinada pelo Brasília Music
Festival, com Tiga e Paul van Dyk,
e ao Nokia Trends, também em
São Paulo, ainda em setembro.
"Se comprar antecipadamente,
sai um pouco mais barato."
Setembro é o mês mais movimentado do calendário. Em uma
conta simples (veja quadro nesta
página), alguém que queira -e
consiga- ir aos eventos do mês
terá que desembolsar R$ 1.030. Na
soma, em que entra o paranaense
Curitiba Rock Festival, não estão
computados gastos com estacionamento, bebidas, comida...
Em uma comparação rápida
com apresentações dos mesmos
artistas em outros países, percebe-se que, geralmente, os shows
brasileiros são mais caros.
Para ver o Cake na Califórnia,
hoje, um fã americano da banda
terá que pagar o equivalente a R$
74. O Weezer, que vem ao Curitiba Rock Festival, fará show no
México para quem pagar R$ 96,
um pouco menos do que no evento brasileiro (veja quadro à dir.).
O show de Moby no hotel Unique, em São Paulo, é o mais caro
da temporada: R$ 300, com "open
bar de cerveja". Autor de um disco que vendeu mais de 10 milhões
de cópias, "Play" (1999), o produtor de eletrônica deve arrastar
3.000 pessoas ao hotel, em 16/9, e
outras 10 mil ao Espaço das Américas, no dia 20/9.
"Desses shows, vou apenas ao
do Moby", disse a fotógrafa Fabiana Galão, 22, que comprará ingresso (ela não tem direito à meia-entrada) para a apresentação no
Espaço das Américas. "Mas por
ser o primeiro show dele no Brasil, pela quantidade de fãs que ele
tem aqui, acho que está caro."
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