São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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MÚSICA

Inédita maratona de apresentações internacionais no país neste segundo semestre ataca o bolso de roqueiros e clubbers

Fãs comemoram shows, mas reclamam dos preços

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

A menos que você seja um, digamos, membro da quadrilha que roubou R$ 160 milhões do BC de Fortaleza, encarar a seqüência de shows e festivais que chegam ao Brasil até o final do ano é tarefa financeiramente complicada -para dizer o mínimo.
Para assistir ao primeiro grande evento deste segundo semestre, em São Paulo, a apresentação da banda americana Cake, na semana passada, já foram necessários R$ 120. O hotel Unique, local do show, recebeu 2.000 pessoas.
Ontem e na última sexta a cidade abrigou a primeira edição do Campari Rock. Para o primeiro dia, que teve The Kills, os DJs Optimo e outras bandas brasileiras, os ingressos custavam R$ 60. Para o sábado, noite encabeçada pelo MC5, mais R$ 70.
Ao comentar a planilha de custos dos grandes eventos com artistas internacionais no país, promotores dos shows costumam sempre apontar o dedo para dois alvos: o valor do dólar, que encareceria passagens aéreas, e a famigerada carteirinha de estudante.
"Vou deixar de ir em alguns desses shows por causa do preço. Foge da realidade do Brasil", afirmou Cristiano Canguçu, 31, designer gráfico. Canguçu disse que provavelmente deixará de assistir ao norte-americano Moby, em setembro. Deve ir à festa paulistana patrocinada pelo Brasília Music Festival, com Tiga e Paul van Dyk, e ao Nokia Trends, também em São Paulo, ainda em setembro. "Se comprar antecipadamente, sai um pouco mais barato."
Setembro é o mês mais movimentado do calendário. Em uma conta simples (veja quadro nesta página), alguém que queira -e consiga- ir aos eventos do mês terá que desembolsar R$ 1.030. Na soma, em que entra o paranaense Curitiba Rock Festival, não estão computados gastos com estacionamento, bebidas, comida...
Em uma comparação rápida com apresentações dos mesmos artistas em outros países, percebe-se que, geralmente, os shows brasileiros são mais caros.
Para ver o Cake na Califórnia, hoje, um fã americano da banda terá que pagar o equivalente a R$ 74. O Weezer, que vem ao Curitiba Rock Festival, fará show no México para quem pagar R$ 96, um pouco menos do que no evento brasileiro (veja quadro à dir.).
O show de Moby no hotel Unique, em São Paulo, é o mais caro da temporada: R$ 300, com "open bar de cerveja". Autor de um disco que vendeu mais de 10 milhões de cópias, "Play" (1999), o produtor de eletrônica deve arrastar 3.000 pessoas ao hotel, em 16/9, e outras 10 mil ao Espaço das Américas, no dia 20/9.
"Desses shows, vou apenas ao do Moby", disse a fotógrafa Fabiana Galão, 22, que comprará ingresso (ela não tem direito à meia-entrada) para a apresentação no Espaço das Américas. "Mas por ser o primeiro show dele no Brasil, pela quantidade de fãs que ele tem aqui, acho que está caro."

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