São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2010

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Marchand é acusada de valorização ilegal

MP investiga atuação de Raquel Arnaud no Instituto de Arte Contemporânea

Galerista teria lucrado com obras expostas em mostras financiadas com dinheiro público; IAC troca presidência


FERNANDA MENA
EDITORA DO FOLHATEEN
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

O Ministério Público Federal está investigando o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) e a galerista Raquel Arnaud, que até anteontem presidiu o instituto, por um suposto desvio de finalidade no uso de dinheiro público.
O inquérito civil partiu de uma representação do Sindicado Nacional dos Artistas Plásticos (Sinap), que acusa Arnaud de se beneficiar da valorização de obras de sua coleção pessoal ou de sua galeria expostas no IAC.
Segundo a denúncia, as obras expostas sofrem "grande valorização no mercado de arte". O texto cita como exemplo a exposição "Campo Ampliado", que captou R$ 780 mil de renúncia fiscal.
Das 67 obras expostas da mostra, 14 eram da coleção pessoal de Arnaud e nove pertenciam ao Gabinete de Arte Raquel Arnaud, galeria onde estariam à venda.
Desde 2007, quando abriu sua sede na rua Maria Antonia, em prédio cedido pela USP, o IAC captou R$ 2,738 milhões pela Lei Rouanet (de incentivo à cultura por meio de renúncia fiscal).
Procurada pela Folha, Arnaud disse que o inquérito é uma "maledicência que não tem fundamento nem provas" e afirmou que não vendeu nenhuma obra de sua coleção pessoal ou de sua galeria que foi exposta no IAC.
"O curador escolheu obras que, por acaso, eram minhas", justificou Arnaud.
Criado há 13 anos, o IAC tinha como objetivo difundir o legado de Sérgio Camargo, Willys de Castro, Amilcar de Castro e Mira Schendel.
Arnaud representa o espólio de Camargo (tema de mostra que será aberta hoje no IAC) e tem obras dos demais no acervo de sua galeria.
Amílcar de Castro e Mira Schendel são representados pelo galerista André Millan, que chegou a integrar a direção do IAC. "Resolvi me desligar do cargo, porque trabalho com mercado", disse ele.
A abertura do inquérito coincide com mudança de paradigma na instituição. Pedro Mastrobuono, empossado ontem como presidente, disse que foi convidado para mudar o perfil do IAC, que deve se tornar um laboratório para exame e perícia de obras de arte em parceria com o Museu Van Gogh.


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