|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Marchand é acusada de valorização ilegal
MP investiga atuação de Raquel Arnaud no Instituto de Arte Contemporânea
Galerista teria lucrado
com obras expostas em
mostras financiadas
com dinheiro público;
IAC troca presidência
FERNANDA MENA
EDITORA DO FOLHATEEN
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
O Ministério Público Federal está investigando o Instituto de Arte Contemporânea
(IAC) e a galerista Raquel Arnaud, que até anteontem
presidiu o instituto, por um
suposto desvio de finalidade
no uso de dinheiro público.
O inquérito civil partiu de
uma representação do Sindicado Nacional dos Artistas
Plásticos (Sinap), que acusa
Arnaud de se beneficiar da
valorização de obras de sua
coleção pessoal ou de sua galeria expostas no IAC.
Segundo a denúncia, as
obras expostas sofrem "grande valorização no mercado
de arte". O texto cita como
exemplo a exposição "Campo Ampliado", que captou
R$ 780 mil de renúncia fiscal.
Das 67 obras expostas da
mostra, 14 eram da coleção
pessoal de Arnaud e nove
pertenciam ao Gabinete de
Arte Raquel Arnaud, galeria
onde estariam à venda.
Desde 2007, quando abriu
sua sede na rua Maria Antonia, em prédio cedido pela
USP, o IAC captou R$ 2,738
milhões pela Lei Rouanet (de
incentivo à cultura por meio
de renúncia fiscal).
Procurada pela Folha, Arnaud disse que o inquérito é
uma "maledicência que não
tem fundamento nem provas" e afirmou que não vendeu nenhuma obra de sua coleção pessoal ou de sua galeria que foi exposta no IAC.
"O curador escolheu obras
que, por acaso, eram minhas", justificou Arnaud.
Criado há 13 anos, o IAC tinha como objetivo difundir o
legado de Sérgio Camargo,
Willys de Castro, Amilcar de
Castro e Mira Schendel.
Arnaud representa o espólio de Camargo (tema de mostra que será aberta hoje no
IAC) e tem obras dos demais
no acervo de sua galeria.
Amílcar de Castro e Mira
Schendel são representados
pelo galerista André Millan,
que chegou a integrar a direção do IAC. "Resolvi me desligar do cargo, porque trabalho com mercado", disse ele.
A abertura do inquérito
coincide com mudança de
paradigma na instituição.
Pedro Mastrobuono, empossado ontem como presidente, disse que foi convidado
para mudar o perfil do IAC,
que deve se tornar um laboratório para exame e perícia
de obras de arte em parceria
com o Museu Van Gogh.
Texto Anterior: Brasil vê o impacto de Beckett em peça de Bob Wilson Próximo Texto: Sindicatos lançam "Salve a TV Cultura" Índice
|