São Paulo, Terça-feira, 14 de Setembro de 1999
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SHOW
Em duas sessões, músicos gravam CD ao vivo no Rio de Janeiro, hoje e amanhã
Paulinho e Toquinho se reúnem

da Reportagem Local

Uma prática em desuso na MPB ganha palco nas noites de hoje e amanhã, no teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. O sambista carioca Paulinho da Viola, 56, e o bossa-novista paulista Toquinho, 53, se reúnem para a gravação, ao vivo, de um disco de dupla.
"Sinal Aberto" é o nome do projeto, em citação inversa ao clássico de Paulinho "Sinal Fechado", vencedor do festival de música popular brasileira de 1969.
Do ambiente de festivais é também a história que vem reunir os dois artistas agora. No mesmo 1969, eles venceram, empatados, uma das edições do festival mensal de MPB que Fernando Faro promovia na TV Tupi.
Paulinho ganhou com "Nada de Novo", e Toquinho, com "Que Maravilha", histórica parceria com Jorge Ben (hoje Ben Jor).
Do empate surgiu a idéia: os três autores mais o Trio Mocotó, conjunto que acompanhava Jorge Ben, secundaram a cantora de velha-guarda Aracy de Almeida no show "Que Maravilha!", no teatro Cacilda Becker, em São Paulo. O tropicalismo já se impusera sobre o velho samba, e reza a lenda que o encontro foi um fracasso de público.
Invertendo o sinal, os dois artistas abrem assim "Sinal Aberto", Paulinho cantando "Que Maravilha" e Toquinho, "Nada de Novo", seguidas por um segmento de alusão àquele show.
Mas Aracy já morreu, o Trio Mocotó se dissolveu e Jorge Ben Jor não é Jorge Ben ("nem teria sentido sua participação hoje. Adoro Jorge, mas ia ficar um bolo, teria pouco espaço para cada um", explica Toquinho). Restam, assim, Toquinho e Paulinho. Nem é o ano de 1969 o único motivador do reencontro.
"Partiu de um show que fiz no Memorial da América Latina, com Paulinho como convidado. Era um show simples, de voz e violão, e foi recorde de público, um sucesso enorme. Continuamos, fizemos em várias cidades e pudemos ver o apelo popular que tinha", conta Toquinho.
Paulinho completa: "Agora é diferente daquele show, por causa da inclusão de músicos -antes éramos só nós dois. Está ganhando outra cara".
O formato do show é de encontros entremeados com segmentos comandados por cada um dos dois. Os encontros acontecem em temas como a instrumental "Choro Negro" (Toquinho fará uma seção instrumental de músicas), "Tarde em Itapoã" e "Coração Imprudente" e "Sinal Fechado".
De mestres da música brasileira, estão previstas "Tempos Idos" (de Cartola e Carlos Cachaça) e "Tua Imagem" (de Canhoto da Paraíba), entre outras.
Toquinho sintetiza a afinidade entre eles: "É total. Passamos por várias fases da MPB juntos, com influências parecidas". Paulinho: "Nossa música tem um lirismo que é muito do compositor brasileiro. Embora eu seja mais ligado ao samba, minha música também vem muito da bossa nova".
De novo, "Sinal Aberto" (que, segundo a gravadora BMG, será lançado como álbum duplo ainda neste ano, mas ainda sem data definida) traz a primeira parceria entre Toquinho e Paulinho, o samba "Caso Encerrado". É o samba, afinal, segundo os dois, que os une.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Show: Sinal Aberto Artistas: Paulinho da Viola e Toquinho Onde: Teatro João Caetano (pça. Tiradentes, s/nº, Rio de Janeiro, tels. 0/ xx/21/221-0305 e 283-1517) Quando: hoje e amanhã, às 20h Quanto: R$ 10

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