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SHOW
Em duas sessões, músicos gravam CD ao vivo no Rio de Janeiro, hoje e amanhã
Paulinho e Toquinho se reúnem
da Reportagem Local
Uma prática em desuso na MPB
ganha palco nas noites de hoje e
amanhã, no teatro João Caetano,
no Rio de Janeiro. O sambista carioca Paulinho da Viola, 56, e o
bossa-novista paulista Toquinho,
53, se reúnem para a gravação, ao
vivo, de um disco de dupla.
"Sinal Aberto" é o nome do projeto, em citação inversa ao clássico de Paulinho "Sinal Fechado",
vencedor do festival de música
popular brasileira de 1969.
Do ambiente de festivais é também a história que vem reunir os
dois artistas agora. No mesmo
1969, eles venceram, empatados,
uma das edições do festival mensal de MPB que Fernando Faro
promovia na TV Tupi.
Paulinho ganhou com "Nada de
Novo", e Toquinho, com "Que
Maravilha", histórica parceria
com Jorge Ben (hoje Ben Jor).
Do empate surgiu a idéia: os três
autores mais o Trio Mocotó, conjunto que acompanhava Jorge
Ben, secundaram a cantora de velha-guarda Aracy de Almeida no
show "Que Maravilha!", no teatro
Cacilda Becker, em São Paulo. O
tropicalismo já se impusera sobre
o velho samba, e reza a lenda que
o encontro foi um fracasso de público.
Invertendo o sinal, os dois artistas abrem assim "Sinal Aberto",
Paulinho cantando "Que Maravilha" e Toquinho, "Nada de Novo", seguidas por um segmento
de alusão àquele show.
Mas Aracy já morreu, o Trio
Mocotó se dissolveu e Jorge Ben
Jor não é Jorge Ben ("nem teria
sentido sua participação hoje.
Adoro Jorge, mas ia ficar um bolo,
teria pouco espaço para cada
um", explica Toquinho). Restam,
assim, Toquinho e Paulinho.
Nem é o ano de 1969 o único motivador do reencontro.
"Partiu de um show que fiz no
Memorial da América Latina,
com Paulinho como convidado.
Era um show simples, de voz e
violão, e foi recorde de público,
um sucesso enorme. Continuamos, fizemos em várias cidades e
pudemos ver o apelo popular que
tinha", conta Toquinho.
Paulinho completa: "Agora é diferente daquele show, por causa
da inclusão de músicos -antes
éramos só nós dois. Está ganhando outra cara".
O formato do show é de encontros entremeados com segmentos
comandados por cada um dos
dois. Os encontros acontecem em
temas como a instrumental "Choro Negro" (Toquinho fará uma
seção instrumental de músicas),
"Tarde em Itapoã" e "Coração
Imprudente" e "Sinal Fechado".
De mestres da música brasileira,
estão previstas "Tempos Idos"
(de Cartola e Carlos Cachaça) e
"Tua Imagem" (de Canhoto da
Paraíba), entre outras.
Toquinho sintetiza a afinidade
entre eles: "É total. Passamos por
várias fases da MPB juntos, com
influências parecidas". Paulinho:
"Nossa música tem um lirismo
que é muito do compositor brasileiro. Embora eu seja mais ligado
ao samba, minha música também
vem muito da bossa nova".
De novo, "Sinal Aberto" (que,
segundo a gravadora BMG, será
lançado como álbum duplo ainda
neste ano, mas ainda sem data definida) traz a primeira parceria
entre Toquinho e Paulinho, o
samba "Caso Encerrado". É o
samba, afinal, segundo os dois,
que os une.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Show: Sinal Aberto
Artistas: Paulinho da Viola e Toquinho
Onde: Teatro João Caetano (pça.
Tiradentes, s/nº, Rio de Janeiro, tels. 0/
xx/21/221-0305 e 283-1517)
Quando: hoje e amanhã, às 20h
Quanto: R$ 10
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