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Mesmo com poucas montagens, Brasil vê "Velhos Tempos" no dia 4
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável por algum alento
pinteriano nos últimos anos em
São Paulo, com traduções, ciclos
ou mesmo pequenas produções,
o diretor Alexandre Tenório reconhece que ainda se monta Harold
Pinter no Brasil com menos freqüência do que ele merece.
"Ele ainda é pouco encenado,
sobretudo em relação aos seus
textos mais recentes. O que há são
produções pequenas, pontuais",
diz Tenório, que se diz surpreso
com a notícia do Nobel para o
dramaturgo inglês, o que, espera,
deve reverter o quadro de suas peças em palcos brasileiros.
O próprio Tenório traduziu
neste ano o espetáculo "Paisagem
e Silêncio", contemplado no Cultura Inglesa Festival. Reúne três
peças curtas dos anos 60, nas
quais Pinter explora a narrativa
de memória: "Landscape", "Silence" e "Night". O projeto foi encenado por Denise Weinberg.
Segundo Tenório, o que mais
chama a atenção na dramaturgia
de Pinter é a relação de poder.
"Seus personagens sempre estão
se digladiando para ver quem é
que tem o domínio. Isso se reproduz social e culturalmente, mas o
autor discute isso lá na alma, no
alicerce da construção do psicologismo", diz o diretor e tradutor,
que organizou um ciclo de leituras em 2004 com seis peças inéditas de Pinter, ainda que escritas
entre as décadas de 50 e 90 (entre
elas, "Outros Lugares" (Other
Places, 1982) e "Velhos Tempos"
(Old Times, 1971).
Esta última ganha montagem
inédita: estréia no dia 4 de novembro no Viga Espaço Cênico, sob a
direção de Bruno Perillo. A sinopse? Um jogo no qual o marido e
uma amiga disputam a posse pela
memória da mulher.
"Não sei resumir nenhuma das
minhas peças. Não sei descrever
nenhuma. Só sei dizer: foi isto o
que aconteceu, foi isto o que disseram, foi isto o que fizeram", disse certa vez Harold Pinter.
No elenco de "Velhos Tempos"
está Laerte Mello, que apresentou
"Traição" (Betrayal), em 2003,
com direção de Robson Camargo,
o mesmo texto que Paulo Autran
protagonizou em 1982, dirigido
por José Possi Neto.
No Rio, Ítalo Rossi encena
"Duas x Pinter", em temporada
no Sesc Copacabana. Em 1967,
também no Rio, Fernando Torres
dirigiu uma montagem de Pinter
com atuações de Fernanda Montenegro, Sérgio Britto e Ziembinski. Era "A Volta ao Lar" (The Homecoming), de 1965.
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