São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2005

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Mesmo com poucas montagens, Brasil vê "Velhos Tempos" no dia 4

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Responsável por algum alento pinteriano nos últimos anos em São Paulo, com traduções, ciclos ou mesmo pequenas produções, o diretor Alexandre Tenório reconhece que ainda se monta Harold Pinter no Brasil com menos freqüência do que ele merece.
"Ele ainda é pouco encenado, sobretudo em relação aos seus textos mais recentes. O que há são produções pequenas, pontuais", diz Tenório, que se diz surpreso com a notícia do Nobel para o dramaturgo inglês, o que, espera, deve reverter o quadro de suas peças em palcos brasileiros.
O próprio Tenório traduziu neste ano o espetáculo "Paisagem e Silêncio", contemplado no Cultura Inglesa Festival. Reúne três peças curtas dos anos 60, nas quais Pinter explora a narrativa de memória: "Landscape", "Silence" e "Night". O projeto foi encenado por Denise Weinberg.
Segundo Tenório, o que mais chama a atenção na dramaturgia de Pinter é a relação de poder. "Seus personagens sempre estão se digladiando para ver quem é que tem o domínio. Isso se reproduz social e culturalmente, mas o autor discute isso lá na alma, no alicerce da construção do psicologismo", diz o diretor e tradutor, que organizou um ciclo de leituras em 2004 com seis peças inéditas de Pinter, ainda que escritas entre as décadas de 50 e 90 (entre elas, "Outros Lugares" (Other Places, 1982) e "Velhos Tempos" (Old Times, 1971).
Esta última ganha montagem inédita: estréia no dia 4 de novembro no Viga Espaço Cênico, sob a direção de Bruno Perillo. A sinopse? Um jogo no qual o marido e uma amiga disputam a posse pela memória da mulher.
"Não sei resumir nenhuma das minhas peças. Não sei descrever nenhuma. Só sei dizer: foi isto o que aconteceu, foi isto o que disseram, foi isto o que fizeram", disse certa vez Harold Pinter.
No elenco de "Velhos Tempos" está Laerte Mello, que apresentou "Traição" (Betrayal), em 2003, com direção de Robson Camargo, o mesmo texto que Paulo Autran protagonizou em 1982, dirigido por José Possi Neto.
No Rio, Ítalo Rossi encena "Duas x Pinter", em temporada no Sesc Copacabana. Em 1967, também no Rio, Fernando Torres dirigiu uma montagem de Pinter com atuações de Fernanda Montenegro, Sérgio Britto e Ziembinski. Era "A Volta ao Lar" (The Homecoming), de 1965.


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