São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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"Acho muito difícil pintar a luz que vaza"

DA REPORTAGEM LOCAL

Leia a seguir trechos da conversa de David Batchelor com a Folha. (SM)

 

FOLHA - Em vez de pintar com cores fortes você parte direto para o uso da luz. Por quê?
DAVID BATCHELOR
- É muito difícil pintar a luz, ainda mais se for uma luz que não é concentrada, que vaza no espaço. Seria preciso um pintor melhor do que eu para fazer isso. Quando comecei a carreira, eu até pintava, mas achava impossível fazer pinturas que me deixassem satisfeito.

FOLHA - Como escolhe as cores que usa nas obras?
BATCHELOR
- Fico limitado às cores do acrílico, que são mais ou menos dez. Eu escolhi as mais quentes.

FOLHA - Mas esse processo não nega a pintura por exigir dela luz e cor impossíveis?
BATCHELOR
- Essas obras têm muito mais a ver com escultura do que com pintura. Eu gosto de trabalhar com objetos da maneira que os encontro, em vez de tentar representá-los.

FOLHA - Não acha que as obras perdem a seriedade por serem coloridas demais?
BATCHELOR
- De fato, se você trabalha com cores fortes, todo mundo acha a obra muito feliz. Mas há algo de estranho numa escultura voltada para a parede, uma dimensão macabra, como ser encurralado antes da execução.

FOLHA - Isso também torna o trabalho muito mais dependente do espaço que ocupa.
BATCHELOR
- Você sempre se preocupa se vai conseguir encher todo o espaço, mas eu gosto de encher o espaço com cor, não com massa e formas.


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