São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2006

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Modernidade privilegiou o trágico

DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu livro, Roberto Machado apresenta a distinção entre "poética da tragédia" e "filosofia do trágico".
Se com Aristóteles a tragédia é tratada como uma das formas específicas de obra de arte poética, com os filósofos modernos -Machado se refere aos pensadores posteriores ao alemão Immanuel Kant (1724-1804)- ela passa a ser vista como "expressão de uma sabedoria ou visão do mundo que a modernidade chamará de trágica".
"Construção eminentemente moderna", ele diz, "a originalidade dessa reflexão filosófica [...] se encontra justamente no fato de o trágico aparecer como uma categoria capaz de apresentar a situação do homem no mundo, a essência da condição humana, a dimensão fundamental da existência".
Essa "condição" do ser e dos homens será manifestada, do dramaturgo Friedrich von Schiller (1759-1805) até o filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900), por meio de oposições de princípios, de contradição, de antagonismos, que podem ou não se resolverem numa síntese que os abarque.
"Esse privilégio da contradição liga o trágico à dialética", diz Machado. O exemplo por excelência de dialética -em que a contradição se resolve em harmonia e conciliação- está em Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). "A primeira vez que Hegel se referiu a um processo dialético foi em sua primeira interpretação de uma tragédia, no caso a "Oréstia", de Ésquilo." (RC)


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