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Modernidade privilegiou o trágico
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu livro, Roberto
Machado apresenta a distinção entre "poética da
tragédia" e "filosofia do
trágico".
Se com Aristóteles a tragédia é tratada como uma
das formas específicas de
obra de arte poética, com
os filósofos modernos
-Machado se refere aos
pensadores posteriores ao
alemão Immanuel Kant
(1724-1804)- ela passa a
ser vista como "expressão
de uma sabedoria ou visão
do mundo que a modernidade chamará de trágica".
"Construção eminentemente moderna", ele diz,
"a originalidade dessa reflexão filosófica [...] se encontra justamente no fato
de o trágico aparecer como
uma categoria capaz de
apresentar a situação do
homem no mundo, a essência da condição humana, a dimensão fundamental da existência".
Essa "condição" do ser e
dos homens será manifestada, do dramaturgo Friedrich von Schiller (1759-1805) até o filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900), por meio de oposições de princípios, de contradição, de antagonismos, que podem ou não se
resolverem numa síntese
que os abarque.
"Esse privilégio da contradição liga o trágico à
dialética", diz Machado. O
exemplo por excelência de
dialética -em que a contradição se resolve em
harmonia e conciliação-
está em Georg Wilhelm
Friedrich Hegel (1770-1831). "A primeira vez que
Hegel se referiu a um processo dialético foi em sua
primeira interpretação de
uma tragédia, no caso a
"Oréstia", de Ésquilo."
(RC)
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