São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2004

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FILMES

O Menino Maluquinho 2 - A Aventura
Globo, 15h40.
  
Brasil, 1998. Direção: Fernando Meirelles. Com Samuel Costa, Stenio Garcia, Martha Overbeck, Flavio Migliaccio. Bem-sucedido em sua primeira incursão cinematográfica, Maluquinho, personagem criado por Ziraldo, agora passa férias na casa da avó. Ali vai dar a aventura a que se refere o título. Fernando Meirelles, que na televisão fora responsável, entre outros, pelo primeiro "Rá-Tim-Bum" da TV Cultura, começava a investir no cinema. Para a criançada experimentar.

Matrix
SBT, 22h15.
  
EUA, 1999, 136 min. Direção: Andy e Larry Wachowski. Com Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Gloria Foster. Estamos no futuro, onde um hacker brinca de realidade virtual, ao menos até descobrir que ela não é virtual (ou então que tudo é virtual, o que dá na mesma). Ao contrário: Matrix é o sistema que tomou conta do universo. Será preciso lutar para trazer o mundo de volta à realidade. Ou: as dores da virtualidade ao alcance de todos. Ou ainda: muito barulho por pouca coisa. Filme meramente novidadeiro (se passando por novo).

Intercine
Globo, 1h25.

As opções para hoje são "Nas Profundezas do Mar sem Fim" (1999, de Ulu Grosbard, com Michelle Pfeiffer) e "Sabotagem" (1995, de Tibor Takacs, com Mark Dacascos).

Nó na Garganta
SBT, 3h10.
   
(The Butcher Boy). Irlanda, 1997, 109 min. Direção: Neil Jordan. Com Eamonn Owens, Stephen Rea. Na Irlanda, menino que vive com a mãe depressiva e o pai alcoólatra faz nessas condições adversas seu aprendizado do mundo, que se mostrará não menos adverso. Jordan de volta à Irlanda, onde se sente à vontade.

Coração de Trovão
Globo, 3h15.
  
(Thunderheart). EUA, 1992, 118 min. Direção: Michael Apted. Com Val Kilmer, Sam Shepard. Agente do FBI de origem indígena (Kilmer) recusa-se a participar da investigação de um crime ocorrido numa reserva sioux. O amigo Shepard tentará ajudá-lo a resolver seus problemas. (IA)

Fantástico mundo real

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Até que ponto o que vemos é real? A partir de que ponto se mistura com a imaginação? Esse é o princípio do filme fantástico e de terror: trabalhamos com a hipótese de que a idéia e a imaginação são mais verdadeiras que a realidade.
Esse é o ponto de David Lean em "Passagem para a Índia" (MGM, 17h): a mocinha inglesa, incapaz de confessar a si mesma a atração que sente pelo médico indiano, inverte a questão, como se tivesse sido molestada por ele.
A cultura colonial ajuda a inverter as coisas, em todos os níveis: como imaginar que o colonizador seja atraído pelo colonizado?
No fundo o inimaginável é aquilo que todos temem. Por isso os tribunais tendem a dar ganho de causa à mocinha contra o médico: a lei dissolve o fantástico e o integra ao mundo real.

DOCUMENTÁRIO

Filme aborda o papel do negro nas novelas

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram 71 empregadas domésticas, 66 escravos, 11 criminosos e nove cozinheiras, contra três políticos, dois engenheiros e um médico. De 1964 a 1997, novelas da Globo e da Tupi colocaram atores negros em papéis secundários, servindo aos brancos ou à vilania.
O levantamento foi feito por Joel Zito Araújo para sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo. Do estudo, apresentado em 2000, resultaram o livro e o premiado documentário "A Negação do Brasil - O Papel do Negro na Telenovela Brasileira", a ser exibido hoje pelo Canal Brasil.
Além de afirmar com números e exemplos históricos que telenovela "nega" a presença do negro no Brasil, Araújo discute o impacto desse tratamento para o telespectador negro. Conclui que gera nas comunidades afro-descendentes o desejo de ser branco, de "negar" sua origem.
O cineasta resgata cenas memoráveis, como a da atriz Isaura Bruno, intérprete da Mamãe Dolores em "O Direito de Nascer" (Tupi, 1964/65). Uma das primeiras celebridades criadas pela TV brasileira, ela morreu no anonimato. Teve um infarto enquanto vendia doces na praça da Sé.
A obra recupera ainda a história de "A Cabana do Pai Tomás" (Globo, 1969). O protagonista foi interpretado por Sérgio Cardoso, que, branco, tinha de pintar a pele de preto, usar rolhas no nariz e atrás dos lábios para o papel. Sob acusação de racismo, a novela foi tirada do ar antes do previsto.
Para Araújo, além do papel secundário, o negro raramente tem história própria na trama, uma família. Mesmo em posição de destaque, diz, normalmente é inserido numa comunidade branca.
Vale a pena conferir a estréia de Araújo no cinema, que neste ano "se arriscou" na ficção. Seu "Filhas do Vento" (com Taís Araújo, Ruth de Souza, Milton Gonçalves, entre outros) foi, ao lado de "Vida de Menina", o grande vencedor do Festival de Gramado.


A NEGAÇÃO DO BRASIL. Direção: Joel Zito Araújo. Quando: hoje, às 23h31, no Canal Brasil.


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