São Paulo, sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

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Crítica/ "A Mente que Mente"

Longa narra fracasso no "show business"

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Nem mesmo a presença de Tom Hanks como produtor e ator evitou que "A Mente que Mente" tivesse carreira discreta. Rodado em 2006, o terceiro longa de ficção do diretor e roteirista Sean McGinly participou do Festival de Sundance em 2008 e só foi lançado nos EUA mais de um ano depois, em abril de 2009, com bilheteria inferior a US$ 1 milhão.
O fracasso vitimou um filme que trata exatamente disso. Não é a primeira vez, por sinal, que McGinly se dedica ao sentimento de frustração no universo do "show business" norte-americano. Seu longa anterior, "Dois Dias" (2003), traz um ator (Paul Rudd) que, por se considerar fracassado, planeja gravar o próprio suicídio.
É bem verdade que ninguém ousa mencionar a palavra "fracasso" diante do sujeito peculiar em torno do qual tudo gira em "A Mente que Mente". Nos bons e velhos tempos, ele ganhou um codinome, "O Grande Buck Howard" (tradução literal do título do filme em inglês), que passou a carregar certa ironia depois da sua decadência.
Muitos o consideram um mágico; outros, um charlatão. Howard (John Malkovich) diz ser um mentalista. Em seus shows, costumava encantar a plateia com números de adivinhação. Agora, os convites escasseiam e os programas de TV já não se interessam por ele.
É nesse momento de ostracismo que um desgarrado estudante de direito (Colin Hanks, filho do primeiro casamento de Tom) arruma emprego como seu assistente geral. A vida mambembe deixa desgostoso o pai do jovem (o próprio Tom Hanks), advogado que imaginava outro futuro para o garoto.
Conhecemos o mentalista pelos olhos de seu inexperiente ajudante de ordens -ora fascinado pelo magnetismo do patrão, ora aborrecido pelo seu temperamento. Prevalece, no entanto, a visão carinhosa e nostálgica. De perto, Howard talvez seja mesmo "grande" em sua persistência, resistindo bravamente a ser engolido pela mudança dos tempos.
McGinly dedica o filme ao mentalista que o inspirou no roteiro e com quem trabalhou na juventude: George Joseph Kresge, ou "The Amazing Kreskin" (o maravilhoso Kreskin), recriado pela atuação dominante de Malkovich com espírito de homenagem respeitosa, pouco disposta a ir fundo na natureza do personagem.


A MENTE QUE MENTE

Direção: Sean McGinly
Com: John Malkovich, Tom Hanks
Produção: EUA, 2008
Onde: Eldorado Cinemark e circuito
Classificação: 10 anos
Avaliação: regular


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