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Crítica/ "A Mente que Mente"
Longa narra fracasso no "show business"
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Nem mesmo a presença
de Tom Hanks como
produtor e ator evitou
que "A Mente que Mente" tivesse carreira discreta. Rodado
em 2006, o terceiro longa de
ficção do diretor e roteirista
Sean McGinly participou do
Festival de Sundance em 2008
e só foi lançado nos EUA mais
de um ano depois, em abril de
2009, com bilheteria inferior a
US$ 1 milhão.
O fracasso vitimou um filme
que trata exatamente disso.
Não é a primeira vez, por sinal,
que McGinly se dedica ao sentimento de frustração no universo do "show business" norte-americano. Seu longa anterior,
"Dois Dias" (2003), traz um
ator (Paul Rudd) que, por se
considerar fracassado, planeja
gravar o próprio suicídio.
É bem verdade que ninguém
ousa mencionar a palavra "fracasso" diante do sujeito peculiar em torno do qual tudo gira
em "A Mente que Mente". Nos
bons e velhos tempos, ele ganhou um codinome, "O Grande
Buck Howard" (tradução literal
do título do filme em inglês),
que passou a carregar certa ironia depois da sua decadência.
Muitos o consideram um
mágico; outros, um charlatão.
Howard (John Malkovich) diz
ser um mentalista. Em seus
shows, costumava encantar a
plateia com números de adivinhação. Agora, os convites escasseiam e os programas de TV
já não se interessam por ele.
É nesse momento de ostracismo que um desgarrado estudante de direito (Colin Hanks,
filho do primeiro casamento de
Tom) arruma emprego como
seu assistente geral. A vida
mambembe deixa desgostoso o
pai do jovem (o próprio Tom
Hanks), advogado que imaginava outro futuro para o garoto.
Conhecemos o mentalista
pelos olhos de seu inexperiente
ajudante de ordens -ora fascinado pelo magnetismo do patrão, ora aborrecido pelo seu
temperamento. Prevalece, no
entanto, a visão carinhosa e
nostálgica. De perto, Howard
talvez seja mesmo "grande" em
sua persistência, resistindo
bravamente a ser engolido pela
mudança dos tempos.
McGinly dedica o filme ao
mentalista que o inspirou no
roteiro e com quem trabalhou
na juventude: George Joseph
Kresge, ou "The Amazing Kreskin" (o maravilhoso Kreskin),
recriado pela atuação dominante de Malkovich com espírito de homenagem respeitosa,
pouco disposta a ir fundo na natureza do personagem.
A MENTE QUE MENTE
Direção: Sean McGinly
Com: John Malkovich, Tom Hanks
Produção: EUA, 2008
Onde: Eldorado Cinemark e circuito
Classificação: 10 anos
Avaliação: regular
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