São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

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FOTOGRAFIA

MAM abre amanhã mostra que marca os dez anos da morte do francês e apresenta imagens desconhecidas

São Paulo vê Pierre Verger inédito em exposição

Fundação Pierre Verger
"Frevo", foto tirada por Pierre Verger em Recife, em 1947; obra do francês tem 60 mil imagens


ANA PAULA BONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda há novidade em Pierre Verger, passados dez anos de sua morte, aos 93 anos, 40 dos quais dedicados à fotografia. Um outro e inédito Verger -encontrado entre suas cerca de 15 mil fotos tiradas no Brasil, principalmente nos anos 50- revela algo além de Salvador, cidade mais retratada através da lente de sua Rolleiflex.
No lugar da cultura negra, capoeiristas e barcos de velas içadas, pelos quais o etnólogo francês se apaixonou quando chegou à Bahia em 1946, entram em cena a arquitetura de São Paulo, o Carnaval do Rio e o frevo de Recife.
É esse recorte do olhar de Verger que poderá ser visto a partir de amanhã na exposição "O Brasil de Pierre Verger", no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
São 260 fotos de seis Estados divididas em seis grupos: manifestações populares, arte e artesanato, sertão e fé, cotidiano, atividades profissionais e cultos afro-brasileiros. Do material reunido, mais de 70% são fotos inéditas, afirma o curador, o francês Alex Baradel, 32, que desde 1999 é coordenador do acervo fotográfico da Fundação Pierre Verger.

60 mil fotos
"Tenho certeza de que as pessoas que já conhecem livros e fotos de Verger, quando virem essa exposição, vão dizer: "Poxa, não sabia que ele também fazia esse tipo de coisa"." Poucos sabem, mas a obra de Verger é composta de mais de 60 mil fotos. "Se fizermos uma exposição por ano, como esta, ainda vai demorar para se esgotar todo o material dele."
Mesmo do universo de imagens da Bahia e de Pernambuco, os dois Estados mais bem representados na mostra e tão explorados por Verger, ainda há novidade. Das fotografias de festas populares, grupo com maior destaque na exposição, Baradel cita inéditas da peregrinação em Bom Jesus da Lapa (BA), da festa de Nosso Senhor dos Navegantes, de cordelistas em Salvador e de pessoas dançando frevo em Recife.
Estudioso da obra do etnólogo, o curador diz que ele nem gostava de ser assim chamado. "Na visão dele, ele era alguém que gostava de viajar, de entender as pessoas."
Talvez isso possa ser entendido pelo fato de o fotógrafo não acumular títulos acadêmicos nem ter concluído estudos do segundo grau. E Baradel completa: "Verger nem se considerava um artista, até não gostava dessa palavra. Verger é um poeta do cotidiano".

O Sudeste de Verger
Em seu périplo pelo Brasil, são de São Paulo as fotos "não-humanas". Segundo o curador, há três imagens que ele fez de pessoas. "Sua visão de São Paulo é uma visão de prédios. Não sei se é de propósito, talvez porque na cidade tenha se sentido meio isolado."
Do Rio, há fotos de pessoas, todas de 1941, quando Verger chegou ao Brasil e ainda não havia conhecido a Bahia, como ele costumava chamar Salvador.

O Brasil de Pierre Verger
Quando:
de ter. a dom., das 10h às 18h; abre hoje, às 19h (convidados); até 26/3
Onde: MAM (pq. Ibirapuera, s/nš, portão 3, tel. 0/xx/11/ 5549-9688)
Quanto: R$ 2,25 e R$ 5,50


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