São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Kraftwerk leva "pintura eletrônica" ao público

Veterana banda alemã toca em festival no Rio e em SP nos próximos dias

Grupo fará a terceira turnê no país; o fundador Ralf Hütter fala sobre a combinação audiovisual criada para os shows


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Para alguns, colagem de vídeos. Para o Kraftwerk, pinturas eletrônicas. É como o alemão Ralf Hütter, 62, fundador do grupo, define o desfile de imagens que enquadram um show da lendária banda alemã.
A combinação audiovisual proporcionada pelo Kraftwerk -um diálogo estonteante entre música e imagem- já foi testemunhada duas vezes no Brasil: em 1998 e em 2004. Formado em Dusseldorf em 1970, o quarteto retorna ao país nesta semana, para tocar no Just a Fest, ao lado de nomes como Los Hermanos e Radiohead.
"Nós mesmos criamos as imagens", diz Hütter, por telefone, à Folha. "Escrevo no papel as ideias e alguns designers gráficos dão forma a elas. Usamos fotos, desenhos, letras para inspirar as imagens. Chamo de pinturas eletrônicas. Às vezes essas imagens são estáticas, às vezes movimentam-se. É algo que está mais próximo da pintura do que da videoarte."
Segundo Hütter, o show que o Brasil verá em 2009 será um "desenvolvimento" do último show que a banda fez no país.
O mesmo não se pode dizer das músicas. Há tempos o Kraftwerk não produz coisas novas. Assim, a apresentação será baseada em faixas de discos como "Trans-Europe Express" (1977), "The Man Machine" (78) e "Computer World" (81). Além disso, dos músicos que criaram a banda, resta apenas Hütter -Florian Schneider, que formava o núcleo central do Kraftwerk com Hütter, saiu no ano passado.
"Ele saiu, na verdade, há muitos anos. Não é nada novo", contemporiza. "Ele foi cuidar de projetos em universidades."

Influência universal
Ao utilizar sintetizadores como principal alicerce, o Kraftwerk tornou-se pioneiro na música popular. É comum associar a influência da banda à eletrônica -um reducionismo.
Até uma banda como o Coldplay, que se escora em canções românticas conduzidas por guitarra e piano, não escapa da sombra desses alemães.
Na canção "Talk" (de 2005), a banda inglesa utiliza melodia de "Computer Love", um clássico de 1981 do Kraftwerk.
"Eles fizeram algo bonito", avalia Hütter. "Além disso, começamos a tocar essa música novamente [nos shows]."
Para alguém que está para sempre marcado na história da música eletrônica, Hütter não parece acompanhar o gênero atualmente. "Saio pelas ruas com microfones e gravo vários sons, de trens, da natureza. Qualquer coisa pode ser combinada à música", conta.
"Componho o tempo todo [no estúdio da banda, chamado Kling Klang]. No verão [do hemisfério norte], vamos tocar em alguns festivais. Música eletrônica para mim é viajar ao redor do mundo."


Texto Anterior: "Kurosawa teve grande influência sobre mim"
Próximo Texto: Estreia novela em busca da "honestidade"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.