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Kraftwerk leva "pintura eletrônica" ao público
Veterana banda alemã toca em festival no Rio e em SP nos próximos dias
Grupo fará a terceira turnê no país; o fundador Ralf Hütter fala sobre a combinação audiovisual criada para os shows
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Para alguns, colagem de vídeos. Para o Kraftwerk, pinturas eletrônicas. É como o alemão Ralf Hütter, 62, fundador
do grupo, define o desfile de
imagens que enquadram um
show da lendária banda alemã.
A combinação audiovisual
proporcionada pelo Kraftwerk
-um diálogo estonteante entre
música e imagem- já foi testemunhada duas vezes no Brasil:
em 1998 e em 2004. Formado
em Dusseldorf em 1970, o quarteto retorna ao país nesta semana, para tocar no Just a Fest,
ao lado de nomes como Los
Hermanos e Radiohead.
"Nós mesmos criamos as
imagens", diz Hütter, por telefone, à Folha. "Escrevo no papel as ideias e alguns designers
gráficos dão forma a elas. Usamos fotos, desenhos, letras para inspirar as imagens. Chamo
de pinturas eletrônicas. Às vezes essas imagens são estáticas,
às vezes movimentam-se. É algo que está mais próximo da
pintura do que da videoarte."
Segundo Hütter, o show que
o Brasil verá em 2009 será um
"desenvolvimento" do último
show que a banda fez no país.
O mesmo não se pode dizer
das músicas. Há tempos o
Kraftwerk não produz coisas
novas. Assim, a apresentação
será baseada em faixas de discos como "Trans-Europe Express" (1977), "The Man Machine" (78) e "Computer
World" (81). Além disso, dos
músicos que criaram a banda,
resta apenas Hütter -Florian
Schneider, que formava o núcleo central do Kraftwerk com
Hütter, saiu no ano passado.
"Ele saiu, na verdade, há
muitos anos. Não é nada novo",
contemporiza. "Ele foi cuidar
de projetos em universidades."
Influência universal
Ao utilizar sintetizadores como principal alicerce, o Kraftwerk tornou-se pioneiro na
música popular. É comum associar a influência da banda à
eletrônica -um reducionismo.
Até uma banda como o Coldplay, que se escora em canções
românticas conduzidas por
guitarra e piano, não escapa da
sombra desses alemães.
Na canção "Talk" (de 2005), a
banda inglesa utiliza melodia
de "Computer Love", um clássico de 1981 do Kraftwerk.
"Eles fizeram algo bonito",
avalia Hütter. "Além disso, começamos a tocar essa música
novamente [nos shows]."
Para alguém que está para
sempre marcado na história da
música eletrônica, Hütter não
parece acompanhar o gênero
atualmente. "Saio pelas ruas
com microfones e gravo vários
sons, de trens, da natureza.
Qualquer coisa pode ser combinada à música", conta.
"Componho o tempo todo
[no estúdio da banda, chamado
Kling Klang]. No verão [do hemisfério norte], vamos tocar
em alguns festivais. Música eletrônica para mim é viajar ao redor do mundo."
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