São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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"O FILHO DO MÁSKARA"

Comédia sem Jim Carrey joga dinheiro fora com conflitos entre pai e filho

ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Se "O Máskara" (94) já se esgotava em si mesmo, a seqüência "O Filho do Máskara" parece amedrontadora antes mesmo de ser vista, mas confirma a ruindade iminente diante do espectador, em meio a conflitos entre pais e filhos. E, sim, Jim Carrey não passou nem perto desse filme -e isso é ruim, nesse caso.
A princípio, a mistura de filme e animação por computador é feita para crianças, mas trata exaustivamente de um embate entre um homem, Tim, e uma mulher, Tonya, casados, acerca de ter filhos ou não, pois o rapaz não quer se comprometer com a criação de um filho.
Um dia o cachorro da família encontra a máscara de Loki (Alan Cumming), "deus da travessura", filho do Odin holográfico interpretado por Bob Hoskins. Loki é uma espécie de rebelde cheio de clichês. Para completar, chega ao Brasil dublado por Supla, que consegue colocar até "papito" na fala do personagem. Loki tem de sair em busca da máscara perdida mundo afora.
Enquanto isso, Tim usa a máscara para ir a uma "festa da firma" e, sob seu poder, vai conceber a criança, e é aí que entra uma animação de espermatozóides verdes e encapetados em corrida acirrada até o óvulo da amada do rapaz. Triste.
Surge, então, o tal filho do Máskara, embora o "Máskara", nesse filme, sejam vários: o próprio Loki, o cachorro, Tim e o bebê, todos passam por transtornos de personalidade provocados pelo objeto.
Mas o principal conflito não é divino nem fruto da máscara. Está no fato de Tim e o bebê, Alvey, não se entenderem. O pai rejeita o filho, um fardo que ele tem de trocar e alimentar enquanto a mãe da criança está em reuniões de negócios. Somando a isso a capacidade de o bebê imitar Linda Blair em "O Exorcista" e o sapo dançante Michigan J. Frog, além de tentar matar o pai, realmente não é uma relação tranqüila.
As melhores seqüências são as que trazem o velho Michigan cantando "Hello, My Baby". Qualquer minuto de Chuck Jones é um grande alívio, ainda mais nessa situação. Até porque o fofo bebê que Alvey faz realmente fica parecendo um demônio coxo com o excesso de efeitos especiais. E para isso tudo são cerca de US$ 110 milhões jogados fora.


O Filho do Máskara
Son of the Mask
 
Direção: Lawrence Guterman
Produção: EUA, 2005
Com: Jamie Kennedy, Alan Cumming
Quando: a partir de hoje nos cines Butantã, Villa-Lobos e circuito


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