São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Hermanos tiram site do ar e iniciam projetos paralelos

Além do cansaço, impasse entre opções musicais de Camelo e Amarante provocou parada, mas volta é provável

Contrato com gravadora prevê lançamento de mais um produto, sem prazo de entrega; quarteto mantém silêncio sobre "recesso"

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Marcelo Camelo está recolhido, Rodrigo Amarante faz shows com a numerosa Orquestra Imperial, Bruno Medina trabalha no setor de promoções do canal Multishow e Rodrigo Barba ensaia para integrar a banda de rock pesado Jason. Nos primeiros dias do que chamam de "recesso por tempo indeterminado", os integrantes do Los Hermanos assumem perfis que ficavam diluídos no grupo.
Até a página oficial na internet, usada em 23 de abril pela banda para anunciar a parada, saiu do ar. A idéia do quarteto é se manter em silêncio.
"O pessoal não está acostumado com essa expressão, "tempo indeterminado", mas é isso mesmo. Acho que um dia voltamos", disse Camelo em 16 de maio, no Prêmio Tim de Música. Ele tem planos de deixar um pouco a guitarra de lado e se dedicar ao violão de nylon, em especial para compor e tocar samba, referência que está no sangue -seu avô Luiz Souza era compositor e seu tio-avô Bebeto Castilho, ex-integrante do Tamba Trio, é um grande músico e intérprete.
"Marcelo tem a rítmica certa para fazer letra de samba. E está mais próximo do violão, talvez por ter visto o Durval Ferreira tocando em shows. Se eu fizer outro disco, vai ser de novo com produção dele", diz Castilho, 68, que em 2006 lançou "Amendoeira", produção e faixa-título de Camelo.
Como diz Kassin, produtor de "Ventura" e "4", os dois últimos CDs dos Hermanos, Camelo tem uma ligação "afetiva" com o samba, enquanto Amarante gosta muito do gênero, mas é mais roqueiro. Embora o desgaste com viagens e shows seja o motivo mais ressaltado para o recesso, esse impasse estético é também um fator.
Surgida em 1997 no campus da PUC carioca, a banda tinha Camelo como cabeça, tanto que o primeiro CD tem 12 músicas suas e apenas duas de Amarante. Essa proporção foi diminuindo, e em "4" (2005) o placar já foi 7 a 5.
Neste ano, embora com o estúdio de Kassin reservado para maio e junho, o grupo não se isolou num sítio da região serrana do Rio, como fizera nos trabalhos anteriores, nem tinha claro que caminho seguir. A parada, que já tinha sido cogitada durante a concepção e a gravação de "4", ressurgiu como opção, podendo cada um tocar projetos alternativos até uma provável volta.
Medina escreve um blog, pensa em lançar um livro e voltou à publicidade, área em que se formou. Barba, fã de hardcore, vai fazer shows com a Jason entre 31 de julho e 26 de agosto.
"Eles têm várias idéias, ótimas, mas não sei quais levarão a cabo. Mas sou totalmente otimista quanto à volta. Não duvido que daqui a um ano saia um disco novo. É uma parada qualitativa", diz Kassin.
O contrato com a Sony BMG prevê mais um produto, mas sem prazo de entrega. Para a gravadora, um trabalho inédito poderá ser mais atraente, mas a banda tem um trunfo em caso de não voltar: os shows feitos na semana passada na Fundição Progresso, no Rio, foram registrados para CD e DVD.


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