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Hermanos tiram site do ar e iniciam projetos paralelos
Além do cansaço, impasse entre opções musicais de Camelo e Amarante provocou parada, mas volta é provável
Contrato com gravadora prevê lançamento de mais um produto, sem prazo de entrega; quarteto mantém silêncio sobre "recesso"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Marcelo Camelo está recolhido, Rodrigo Amarante faz
shows com a numerosa Orquestra Imperial,
Bruno Medina trabalha no setor de promoções do canal
Multishow e Rodrigo Barba ensaia para integrar a banda de
rock pesado Jason. Nos primeiros dias do que chamam de "recesso por tempo indeterminado", os integrantes do Los Hermanos assumem perfis que ficavam diluídos no grupo.
Até a página oficial na internet, usada em 23 de abril pela
banda para anunciar a parada,
saiu do ar. A idéia do quarteto é
se manter em silêncio.
"O pessoal não está acostumado com essa expressão,
"tempo indeterminado", mas é
isso mesmo. Acho que um dia
voltamos", disse Camelo em 16
de maio, no Prêmio Tim de Música. Ele tem planos de deixar
um pouco a guitarra de lado e se
dedicar ao violão de nylon, em
especial para compor e tocar
samba, referência que está no
sangue -seu avô Luiz Souza
era compositor e seu tio-avô
Bebeto Castilho, ex-integrante
do Tamba Trio, é um grande
músico e intérprete.
"Marcelo tem a rítmica certa
para fazer letra de samba. E está mais próximo do violão, talvez por ter visto o Durval Ferreira tocando em shows. Se eu
fizer outro disco, vai ser de novo com produção dele", diz
Castilho, 68, que em 2006 lançou "Amendoeira", produção e
faixa-título de Camelo.
Como diz Kassin, produtor
de "Ventura" e "4", os dois últimos CDs dos Hermanos, Camelo tem uma ligação "afetiva"
com o samba, enquanto Amarante gosta muito do gênero,
mas é mais roqueiro. Embora o
desgaste com viagens e shows
seja o motivo mais ressaltado
para o recesso, esse impasse estético é também um fator.
Surgida em 1997 no campus
da PUC carioca, a banda tinha
Camelo como cabeça, tanto que
o primeiro CD tem 12 músicas
suas e apenas duas de Amarante. Essa proporção foi diminuindo, e em "4" (2005) o placar já foi 7 a 5.
Neste ano, embora com o estúdio de Kassin reservado para
maio e junho, o grupo não se
isolou num sítio da região serrana do Rio, como fizera nos
trabalhos anteriores, nem tinha claro que caminho seguir.
A parada, que já tinha sido cogitada durante a concepção e a
gravação de "4", ressurgiu como opção, podendo cada um
tocar projetos alternativos até
uma provável volta.
Medina escreve um blog,
pensa em lançar um livro e voltou à publicidade, área em que
se formou. Barba, fã de hardcore, vai fazer shows com a Jason
entre 31 de julho e 26 de agosto.
"Eles têm várias idéias, ótimas, mas não sei quais levarão
a cabo. Mas sou totalmente otimista quanto à volta. Não duvido que daqui a um ano saia um
disco novo. É uma parada qualitativa", diz Kassin.
O contrato com a Sony BMG
prevê mais um produto, mas
sem prazo de entrega. Para a
gravadora, um trabalho inédito
poderá ser mais atraente, mas a
banda tem um trunfo em caso
de não voltar: os shows feitos
na semana passada na Fundição Progresso, no Rio, foram
registrados para CD e DVD.
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