São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Após ter morte decretada, dance music ressuscita

Entre os bons discos do gênero que saíram no 1º semestre, a surpresa é "We Are the Night", dos Chemical Brothers

Outras novidades são as estréias, em disco próprio, de 3 duplas européias que usam elementos do rock para dar corpo a faixas dançantes

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

A dance music teve sua morte decretada algumas vezes.
Em novembro de 2004, em reportagem nada econômica, o jornal inglês "Guardian" enumerava as causas do óbito: a falência dos grandes clubes britânicos, a mediocridade dos discos de gente como Moby, Prodigy, Fatboy Slim... Até o semanário de música jovem "New Musical Express" levou flores ao enterro.
Para os que choraram a perda, este 2007 é o momento para comemorar a ressuscitação da dance music. Apenas nesse primeiro semestre, já saíram (oficialmente ou "extra-oficialmente", na internet) boa quantidade de ótimos discos do gênero. Tanto lá fora quanto no Brasil (leia texto nesta página).
A grande surpresa do ano talvez seja "We Are the Night", o sexto disco dos ingleses Chemical Brothers. Após o último, o fraco, confuso e acomodado "Push the Button" (2005), não se esperava muita coisa de Tom Rowlands e Ed Simons.
Na introdução de "We Are the Night", a curta faixa "No Path to Follow", um vocal dá a pista do que encontraremos: "Não há caminho a seguir".
Em seguida, aparece a música-título, com alguns ruídos e as características que remetem aos melhores momentos da dupla: timbres psicodélicos, sons que vão e vêm, e uma dinâmica contagiante marcada por uma batida rápida e constante.
Os Chemical Brothers são dos principais responsáveis pela massificação da dance music nos anos 90. Muito disso pelas parcerias que o duo promovia, com gente como Noel Gallagher, Charlatans etc.
Aqui há, por exemplo, a participação da elogiada jovem banda britânica Klaxons, na brilhante "All Rights Reversed". Viajante, hipnótica, é não apenas uma das melhores coisas já feitas pelos C. Brothers mas melhor até do que qualquer coisa dos próprios Klaxons.
Uma das mais curiosas é o rap-comédia "The Salmon Dance", que ensina a tal "dança do salmão". Já em "Saturate" e "Das Spiegel", o C. Brothers junta-se às batidas mais modernas da eletrônica, que crescem com poucos elementos.
Outra bola dentro é "The Pills Won't Help You Now", com o grupo Midlake. Mais intimista, é a última música; balada climática, preenchida por sons curtos e sutis. É a certeza de que os Chemical Brothers reencontram a melhor forma neste sexto álbum.

Estréias
Outras novidades da dance music são as estréias em disco próprio de três duplas européias, que fazem uso de elementos do rock, como vocais, bateria orgânica e guitarras, para dar corpo a faixas dançantes.
"Nos últimos cinco anos, as pessoas ficaram interessadas em elementos do rock na eletrônica", disse James Ford à Folha. Além de Ford, o SMD é formado por James "Jas" Shaw. Juntos, fizeram remixes para Rapture, Klaxons e Cansei de Ser Sexy. No primeiro álbum, "Attack Decay Sustain Release", destacam-se canções com batidas sincopadas.
A mesma estética do SMD é vista no álbum dos franceses do Justice, batizado com o símbolo de uma cruz. Batidas sujas, vocais estilizados, muitos barulhos retorcidos estão em pepitas como "Stress" e "DVNO".
Chegou a hora de dançar.


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