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Após ter morte decretada, dance music ressuscita
Entre os bons discos do gênero que saíram no 1º semestre, a surpresa é "We Are the Night", dos Chemical Brothers
Outras novidades são as estréias, em disco próprio, de 3 duplas européias que usam elementos do rock para dar corpo a faixas dançantes
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A dance music teve sua morte decretada algumas vezes.
Em novembro de 2004, em
reportagem nada econômica, o
jornal inglês "Guardian" enumerava as causas do óbito: a falência dos grandes clubes britânicos, a mediocridade dos discos de gente como Moby, Prodigy, Fatboy Slim... Até o semanário de música jovem "New
Musical Express" levou flores
ao enterro.
Para os que choraram a perda, este 2007 é o momento para
comemorar a ressuscitação da
dance music. Apenas nesse primeiro semestre, já saíram (oficialmente ou "extra-oficialmente", na internet) boa quantidade de ótimos discos do gênero. Tanto lá fora quanto no
Brasil (leia texto nesta página).
A grande surpresa do ano talvez seja "We Are the Night", o
sexto disco dos ingleses Chemical Brothers. Após o último, o
fraco, confuso e acomodado
"Push the Button" (2005), não
se esperava muita coisa de Tom
Rowlands e Ed Simons.
Na introdução de "We Are
the Night", a curta faixa "No
Path to Follow", um vocal dá a
pista do que encontraremos:
"Não há caminho a seguir".
Em seguida, aparece a música-título, com alguns ruídos e
as características que remetem
aos melhores momentos da dupla: timbres psicodélicos, sons
que vão e vêm, e uma dinâmica
contagiante marcada por uma
batida rápida e constante.
Os Chemical Brothers são
dos principais responsáveis pela massificação da dance music
nos anos 90. Muito disso pelas
parcerias que o duo promovia,
com gente como Noel Gallagher, Charlatans etc.
Aqui há, por exemplo, a participação da elogiada jovem banda britânica Klaxons, na brilhante "All Rights Reversed".
Viajante, hipnótica, é não apenas uma das melhores coisas já
feitas pelos C. Brothers mas
melhor até do que qualquer
coisa dos próprios Klaxons.
Uma das mais curiosas é o
rap-comédia "The Salmon
Dance", que ensina a tal "dança
do salmão". Já em "Saturate" e
"Das Spiegel", o C. Brothers
junta-se às batidas mais modernas da eletrônica, que crescem com poucos elementos.
Outra bola dentro é "The
Pills Won't Help You Now",
com o grupo Midlake. Mais intimista, é a última música; balada climática, preenchida por
sons curtos e sutis. É a certeza
de que os Chemical Brothers
reencontram a melhor forma
neste sexto álbum.
Estréias
Outras novidades da dance
music são as estréias em disco
próprio de três duplas européias, que fazem uso de elementos do rock, como vocais,
bateria orgânica e guitarras, para dar corpo a faixas dançantes.
"Nos últimos cinco anos, as
pessoas ficaram interessadas
em elementos do rock na eletrônica", disse James Ford à
Folha. Além de Ford, o SMD é
formado por James "Jas"
Shaw. Juntos, fizeram remixes
para Rapture, Klaxons e Cansei
de Ser Sexy. No primeiro álbum, "Attack Decay Sustain
Release", destacam-se canções
com batidas sincopadas.
A mesma estética do SMD é
vista no álbum dos franceses
do Justice, batizado com o símbolo de uma cruz. Batidas sujas, vocais estilizados, muitos
barulhos retorcidos estão em
pepitas como "Stress" e
"DVNO".
Chegou a hora de dançar.
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