São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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ARTES CÊNICAS

Evento realizado na cidade paulista a partir de quarta investe no experimental em sua 22ª edição Festival de Rio Preto

Festival de Rio Preto faz "mosaico" teatral

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo segundo ano consecutivo, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, que começa na próxima quarta-feira e acontece até o dia 28, no interior paulista, assume uma programação de risco, antifórmula, como afirma o seu coordenador-geral Vitor Zenezi, 36.
"Não sabemos o que vai funcionar", diz ele. Desde o ano passado em formato internacional, o festival se inclina mais à experimentação do que à convenção.
A 22ª edição do evento pode ser configurada como um "mosaico", segundo Zenezi. Dos espetáculos estrangeiros aos nacionais, inclusive na programação paralela (filmes, lançamentos editoriais, oficinas), o chamado teatro comercial passa ao largo. E o público demonstra consentir.
Têm ingressos esgotados, por exemplo, "Calendário da Pedra", solo de Denise Stoklos, e a demonstração de processo de "Cão Coisa e a Coisa Homem", com direção de Aderbal Freire-Filho e Luis Melo no elenco.
A primeira montagem do Ateliê de Criação Teatral (ACT), núcleo que Melo mantém em Curitiba, faz parte do segmento Processos. Nele, o público tem a chance de acompanhar em que etapa de criação se encontram espetáculos programados para estrear no segundo semestre.
Será assim também com "Os Sertões", dirigido por José Celso Martinez Corrêa; "Hamlet", por Francisco Medeiros; e "Woyzeck Desmembrado", Cibele Forjaz.

Internacional
O multiartista belga Jan Fabre, cuja obra é introduzida no Brasil pela primeira vez, encabeça os destaques internacionais.
Serão apresentadas duas peças concebidas por ele, cinco curtas-metragens que dirigiu e edições da revista européia de artes "Janus", da qual Fabre foi um dos fundadores.
Nascida na Rússia em 88 e hoje sediada na Alemanha, a companhia Derevo mostra "Once... Amor, Lágrimas e Corações Partidos", espetáculo "mudo". E a terceira atração é o teatro de rua do grupo australiano Strange Fruit, que inclui técnica circense em "The Field".
A obra do diretor e pensador francês Antonin Artaud (1896-1948) inspira outros dois segmentos do festival: lugarUMBIGO (grafado assim) e Preto Artaud. Concebidos sob consultoria do produtor cultural Ricardo Muniz Fernandes, carregam a marca do alternativo e confluência de outras artes, como música e cinema.
No lugarUMBIGO, um prédio, haverá performances de Pascoal da Conceição, Vadim Nikitin, Renato Cohen, Priscila Dias, Circo Mínimo, La Mínima e outros.
O Preto Artaud leva performances de 14 grupos rio-pretenses a pontos diferentes, sempre encarando o teatro segundo Artaud, que teve em Rubens Corrêa um praticante de suas idéias no país (aliás, esta edição do festival é dedicada ao ator, morto em 96).
A experimentação também é estendida à dramaturgia. O Núcleo Teatro Promíscuo encena textos de Mário Bortolotto, Leonardo Alkmin e Newton Moreno. O paraibano Ariano Suassuna e o paulista Plínio Marcos também ganham montagens.
Segundo a organização, o festival é orçado em R$ 900 mil: R$ 450 mil do Sesc (SP e Rio Preto), R$ 300 mil captados por meio do Ministério da Cultura, R$ 100 mil da Secretaria de Estado da Cultura e R$ 50 da prefeitura.



22o FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO -0Abre qua., dia 17, e segue até 28 de julho. Ingressos: R$ 2,50 a R$ 10. Mais informações pelo tel. 0/xx/17/3216-9300, r. 9333 ou 9313



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