São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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"KUNG-FUSÃO"

Comédia pop celebra a satisfação do ego

DA REPORTAGEM LOCAL

O trocadilho no título brasileiro de "Kung-Fusão" deixa claro que veremos um filme com muita confusão de um kung fu aumentado. Soa quase como desenho animado, tipo "Hong Kong Fu". E é nas tentativas de fusões que reside seu espírito, como em uma quase ponte aérea Hong Kong/EUA; a comédia estourou nas bilheterias americanas.
No filme, uma vila miserável da Xangai dos anos 40/50 resiste a mafiosos. Como os gauleses irredutíveis de Asterix, os moradores se revelam superpoderosos. O início é promissor e sugere uma homenagem cínica, longe da reverência de Zhang Yimou, à tradição oriental. No entanto, deslumbra-se pelas referências pop ao Ocidente ("Amor, Sublime Amor", "Luzes da Cidade" etc.) que são bengala para cinéfilos que não se tornam cineastas (bloqueio superado por Tarantino).
Surgem outros elementos, como o universo das animações e dos videogames. A lógica de jogo, sempre empatado, será a própria estrutura (ação/reação). Fica, ainda, entre a transmissão de condutas, budismo em particular, e uma sátira a esses valores, ao propor que as aparências enganam e que todos têm um potencial escondido, pronto para desabrochar. Celebra, assim, os atos de um jogador que vê a satisfação do ego como única meta, não importando o meio que o rodeia.
(BRUNO YUTAKA SAITO)


Kung-Fusão
Gong Fu
 
Direção: Stephen Chow
Produção: China/Hong Kong , 2004
Com: Stephen Chow, Yuen Qiu
Quando: a partir de hoje nos cines Jardim Sul, Lar Center e circuito


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