São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009

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Brasileira é aluna obediente em produção

DA REPORTAGEM LOCAL

Para recriar com naturalismo a história da classe que vira seita, o diretor de "A Onda", Dennis Gansel, montou um elenco 50% profissional e 50% amador. Escolhidos, os alunos passaram duas semanas convivendo em uma sala de aula antes de começarem as filmagens.
Entre os intérpretes em meio aos cerca de 150 membros que A Onda atrai, está uma brasileira de 23 anos, Cristina do Rego, nascida em Anchieta (ES) e criada no interior de Minas. Aos sete anos, ela se mudou para a Alemanha, país de sua mãe.
O pai brasileiro, diretor de teatro, foi sua maior influência ao escolher a profissão de atriz -ela diz ter começado a trabalhar aos nove anos, em programas infantis da TV alemã. Passou por séries e novelas, e a "A Onda" é o seu primeiro filme.
Para se preparar, Cristina -que já havia lido o livro "A Onda" (de Todd Strasser, 1981), obrigatório em sua escola- voltou ao colégio para pesquisar o comportamento de alunos em grupo. Prestou atenção nas meninas caladas para construir a insegura e obediente Lisa, uma das mais fiéis à Onda.
"Em várias cenas eu senti a força da coletividade. A energia dentro de uma sala com mais de 30 jovens marchando no mesmo ritmo é enorme", conta à Folha, em português.
Ela diz que, apesar da experiência "intensa", os atores não misturaram o fanatismo com a realidade. "Não sei o que teria feito na vida real. Penso que, no início, teria participado, mas, no momento em que começa a discriminação, teria saído."
Para o diretor, o interesse das novas gerações por histórias como a de "A Onda", sucesso de público na Alemanha, reflete a curiosidade dos jovens em relação ao aspecto emocional do nazismo.
"A questão que sempre ficou é: por que aquilo aconteceu? Por que 80 milhões de alemães seguiram o regime? Não havia resposta, porque mostrar o aspecto sedutor do fascismo era politicamente incorreto. Nos últimos anos, as pessoas estão mais interessadas na psicologia do fascismo", diz Gansel.
"É uma nova tendência. As novas gerações, em especial, parecem agradecer por isso. Eles sabem que o fascismo é mau. Agora, querem entender psicologicamente, emocionalmente. Com os últimos membros da Segunda Guerra morrendo, essa parece ser uma tendência importante." (CF)


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