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Brasileira é aluna obediente em produção
DA REPORTAGEM LOCAL
Para recriar com naturalismo a história da classe que vira
seita, o diretor de "A Onda",
Dennis Gansel, montou um
elenco 50% profissional e 50%
amador. Escolhidos, os alunos
passaram duas semanas convivendo em uma sala de aula antes de começarem as filmagens.
Entre os intérpretes em meio
aos cerca de 150 membros que
A Onda atrai, está uma brasileira de 23 anos, Cristina do Rego,
nascida em Anchieta (ES) e
criada no interior de Minas.
Aos sete anos, ela se mudou para a Alemanha, país de sua mãe.
O pai brasileiro, diretor de
teatro, foi sua maior influência
ao escolher a profissão de atriz
-ela diz ter começado a trabalhar aos nove anos, em programas infantis da TV alemã. Passou por séries e novelas, e a "A
Onda" é o seu primeiro filme.
Para se preparar, Cristina
-que já havia lido o livro "A
Onda" (de Todd Strasser, 1981),
obrigatório em sua escola-
voltou ao colégio para pesquisar o comportamento de alunos
em grupo. Prestou atenção nas
meninas caladas para construir
a insegura e obediente Lisa,
uma das mais fiéis à Onda.
"Em várias cenas eu senti a
força da coletividade. A energia
dentro de uma sala com mais
de 30 jovens marchando no
mesmo ritmo é enorme", conta
à Folha, em português.
Ela diz que, apesar da experiência "intensa", os atores não
misturaram o fanatismo com a
realidade. "Não sei o que teria
feito na vida real. Penso que, no
início, teria participado, mas,
no momento em que começa a
discriminação, teria saído."
Para o diretor, o interesse
das novas gerações por histórias como a de "A Onda", sucesso de público na Alemanha, reflete a curiosidade dos jovens
em relação ao aspecto emocional do nazismo.
"A questão que sempre ficou
é: por que aquilo aconteceu?
Por que 80 milhões de alemães
seguiram o regime? Não havia
resposta, porque mostrar o aspecto sedutor do fascismo era
politicamente incorreto. Nos
últimos anos, as pessoas estão
mais interessadas na psicologia
do fascismo", diz Gansel.
"É uma nova tendência. As
novas gerações, em especial,
parecem agradecer por isso.
Eles sabem que o fascismo é
mau. Agora, querem entender
psicologicamente, emocionalmente. Com os últimos membros da Segunda Guerra morrendo, essa parece ser uma tendência importante."
(CF)
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