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Crítica/pop
Islands mostra filosofia psicodélica
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Seu primeiro grupo se
chamava The Unicorns
(Os Unicórnios). Pouco
depois, montou outro, chamado Islands (Ilhas). Mais do que
um peculiar gosto, pra lá de psicodélico, para nomear bandas,
o cantor e compositor canadense Nick Diamonds, 24, vive
num mundo bem estranho.
"Return to the Sea", disco de
estréia do Islands, que ganha
lançamento no Brasil, traz assobiáveis canções pop aparentemente inofensivas. Basta um
pouco de atenção e lá estarão as
desconcertantes letras de Diamonds. Morte, desastres naturais, bichos e insetos são temas
freqüentes em seus versos.
"Nada do que escrevo é pré-determinado", diz Diamonds à
Folha. "Apenas tenho um desejo urgente de escrever canções e tocá-las. A coisa toda
funciona como se inicialmente
as idéias estivessem em um casulo, como uma semente.
Quando a idéia vem, é como se
surgisse uma borboleta."
O disco já começa fazendo
alusões à morte, com o épico de
quase nove minutos "Swans
(Life After Death)" (Cisnes, vida após a morte), referência à
dissolução do Unicorns, trio de
vida breve que lançou um álbum em 2003 e teve ótima recepção de público e crítica. Os
remanescentes Diamonds e o
baterista J'aime Tambeur resolveram montar o Islands no
ano passado, com músicos convidados -o disco conta com a
participações de membros de
nomes alternativos canadenses, como Arcade Fire e Wolf
Parade-, em formação constantemente em fluxo. O próprio Tambeur já saiu da banda,
que é uma versão mais "normal" do Unicorns, com elementos do indie rock (lembram
o Flaming Lips em vários momentos), country, hip hop e até
sonoridades que esbarram no
calipso e baião.
"Musicalmente, sou muito
influenciado pelos Mutantes e
por bandas dos anos 60 de diferentes partes do mundo", conta
Diamonds. "Para fazer as letras, busco inspiração em romances, filosofia, existencialismo, metafísica. Nunca estudei
filosofia, mas tenho uma amiga
que estuda. Ela me conta tudo.
E eu gosto de ficar pensando."
Diamonds gosta, antes de tudo, de fazer especulações. Em
"Volcanoes", por exemplo, fala
sobre uma "forte chuva de magma" que derrete o Alasca e
transforma a Argentina em um
lugar bem gelado. "É uma canção apocalíptica, sobre a falta
de controle que temos sobre o
planeta e a nossa vida."
RETURN TO THE SEA
Artista: Islands
Gravadora: Trama
Quanto: R$ 30, em média
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