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Última Moda
ALCINO LEITE NETO @ - ultimamoda@folhasp.com.br
Brasileiros acertam o passo em Manhattan
Rosa Chá e Carlos Miele apresentam coleções
inéditas na Olympus Fashion Week, em Nova York
Há cinco anos, quando
ocorreram os ataques ao
World Trade Center, em 11
de setembro, a temporada
primavera-verão da semana
de moda de Nova York foi
bruscamente interrompida.
O estilista Amir Slama, que
preparava o desfile de sua
grife, a Rosa Chá, marcado
para o dia 12, voltou ao Brasil
sem poder apresentar a coleção para os americanos. Seu
showroom, em 2001, não era
longe das torres gêmeas.
"Cheguei a ver uma das torres caindo. Fiquei atônito,
paralisado", conta Amir. Na
época, o local onde se realiza
a semana de moda, o Bryant
Park, transformou-se num
centro de informação sobre a
tragédia. "Ficou repleto de
policiais, bombeiros e parentes das vítimas", lembra.
Nesta semana, as homenagens aos mortos na tragédia
do 11 de Setembro tomaram
conta dos EUA, mas na
Olympus Fashion Week foi
como se nada estivesse acontecendo. O mundo da festa e
das celebridades imperou sobre o do luto.
A Rosa Chá mostrou no último dia 10 uma coleção fascinante, tanto do ponto de
vista do conceito quanto da
realização, com requintes
muito raros no beachwear.
Inspirada na dominação
francesa no Brasil no século
16, desenvolveu três "tempos", ou linhas, que remetem
ao índio (tanguinhas), à nobreza européia (corselets), ao
designer Erté (estruturas art
deco) e ao punk (incríveis biquínis e maiôs com fivelas).
Três outras grifes brasileiras desfilaram suas coleções
em Nova York: Carlos Miele,
Alexandre Herchcovitch e
Cia. Marítima.
Herchcovitch mostrou os
mesmos looks femininos exibidos na São Paulo Fashion
Week, com boa repercussão
na imprensa americana.
Miele, que só desfila em Nova York, retomou seu fôlego
criativo nesta temporada,
com uma coleção charmosa,
em que o desejo de luxo não
sufoca a malícia e a contemporaneidade.
Até quarta-feira, o americano Marc Jacobs concentrava os elogios da crítica.
Sua coleção combina com inteligência os requintes de
uma feminilidade burguesa
com irreverências próprias
do underground e da moda
de rua. Com sobreposições
arriscadas, volumes e recortes imprevistos, ele quebrou
a sensação de dejà-vu da semana de moda de Nova York,
criativamente conservadora
e com severas limitações impostas pela indústria.
Também se destacaram
Narciso Rodriguez, Karen
Walker, Diane von Furstenberg, Luella Bartley e Proenza Schouler.
Nos bastidores da Rosa Chá
1. Superprodução
Sexta-feira, 8/9, às 11h, o estilista Amir Slama, o stylist
Giovanni Fasson e o diretor de arte Zee Nunes (na foto,
da esq. à dir.) discutem a organização do desfile, no show-room da Rosa Chá, na rua 37, em Nova York. No show-room, um quadro exibe fotos das 36 modelos que vão
desfilar os 54 looks da coleção, inspirada na invasão francesa do Brasil no século 16. A coleção faz referências aos
índios, à nobreza francesa e ao punk. A Folha acompanhou em Nova York a preparação do desfile da grife, que
custou cerca de R$ 250 mil.
2. Mais ousados que os americanos
A canadense Lisa Cant experimenta uma das peças punk.
"O desfile segue a modelagem brasileira. Os biquínis são
4 cm mais finos que os usados nos EUA", diz Jacimar Silva, diretor de marketing da Rosa Chá. As provas de roupa
foram feitas de quinta a sábado.
3. Toneladas de cenário
Domingo, 10/9, às 17h, começa a montagem da passarela
do desfile, na sala The Tent, da Olympus Fashion Week.
Criado pelo designer Marton, o cenário é composto de
um cocar de 7 m de altura e de uma passarela de 25 m.
Tudo foi feito no Brasil, e a grife "importou" as 3.635 toneladas de material, que foram transportadas de avião.
4. Índias aristocratas
Às 19h, Carol Trentini é maquiada pela equipe da MAC,
comandada por Jean Marc (na foto, ao fundo). "Adoro
desfilar para os brasileiros, me sinto como se fosse, depois, sair na avenida Paulista", diz Carol. Antes de serem
maquiadas, as modelos tiram toda a roupa e vestem um
roupão, para relaxarem o corpo e ficarem livres das marcas de calcinhas e sutiãs.
5. Superlotação
Às 19h45, o backstage está lotado. Várias equipes de TV
chegam para entrevistas com Amir. Às 20h15, os 864
convidados começam a entrar na sala, entre eles as socialites Ivana Trump e Lydia Hearst, neta do magnata William Randolph Hearst. "Costumava comprar peças da
Rosa Chá em Saint Tropez. São lindas", conta Ivana.
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