|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMIDA
Crítica
Boa cozinha marca L'Atelier São Paulo, que tenta imitar casa de Paris
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
A fraqueza do L'Atelier
São Paulo está menos
na cozinha do que na
comparação que ele mesmo
impõe com o restaurante parisiense que tenta imitar, o L'Atelier de Joël Robuchon. (Veja
e-mail em que Robuchon renega a casa paulista em josimar
melo.blog.uol.com.br.)
Quem já esteve na matriz ou
nas filiais vê de cara que o de
São Paulo é outra coisa. Já no
conceito, o balcão, centro das
casas originais, aqui é mínimo
(e o maître fica quase constrangido quando só há lugar
lá). Até o "purê do Robuchon",
de áspera textura, está a anos-luz do original (não é só pela
falta da batata francesa, pois
em São Paulo esse tipo de purê
é bem melhor no Parigi ou no
La Brasserie).
Feita a chata comparação
imposta pela estratégia dos
proprietários, vamos agora fingir que não há imitações e simplesmente um grupo de jovens
empresários (liderado por Luigi Cardoso, ex-Museum) que
resolveu abrir um restaurante.
Como é frequente, foi chamada
a consultoria de um chef francês, Axel Manes, e contratado
como chef outro francês, Guil-
laume Mautalent (e digamos
que é apenas um acaso que o
primeiro é chef e o segundo foi
subchef do original parisiense).
Como ninguém passa impunemente cinco anos sob o tacão do genial, antipático e obsessivo Robuchon, caso de
Mautalent, o cardápio tem
qualidades.
Entre os pratos: ovo crocante (empanado, com a gema que
deveria ser mais líquida) com
cogumelos; creme (pouco cremoso) de castanha portuguesa
e aipo com espuma de bacon;
camarão em massa crocante
com manjericão e ervas, muito
bom; ravióli de lagostim com
molho trufado (feito com massa no estilo oriental, mas nessa
versão com pouca textura e
com molho sem a potência original da trufa); belo robalo com
palmito crocante e leve emulsão de cúrcuma; e gostoso carré de cordeiro na chapa.
Tão leves que padecem pelo
pouco sabor são sobremesas
como suflê de Bailey's (estava
em falta o acompanhamento
de sorvete de caramelo salgado) e a atemoia recheada com
creme de laranja (com gosto de
ovo) e gengibre; melhor a seleção de tortas finas com coberturas de frutas variadas. A carta de vinhos tem bons rótulos,
mas preços inflados.
josimar@basilico.com.br
L'ATELIER SÃO PAULO
Avaliação:
Endereço: r. Padre João Manuel, 1055, Jardins, tel. 0/xx/11/2309-6006
Funcionamento: seg. a sex., das 20h à 1h; sáb., das 12h às 2h; dom., das 12h às 17h.
Ambiente: bar, salão e pequeno balcão; escuro, com o inevitável (hoje em dia) jardim vertical
Serviço: atento, dedicado
Vinhos: boas escolhas, mas o sobrepreço atrapalha
Cartões: A, M, V
Estacionamento: com manobrista, R$ 15
Preços: entradas, R$ 19 a R$ 81; pratos principais, R$ 23 a R$ 112; sobremesas, R$ 14 a R$ 16
Texto Anterior: Vinho: Nova adega de Mendoza tem erros e acertos Próximo Texto: Bom e barato: Parrilla na zona leste serve cortes clássicos Índice
|