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Grupo Piollin rascunha "Gaivota" de Tchecov
Marcado pelo sucesso de "Vau da Sarapalha", coletivo paraibano estréia peça em SP
Montagem de conto de Guimarães Rosa marcou a dramaturgia brasileira da década passada; peça continua a ser encenada
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Grupo de Teatro Piollin
passou metade dos 30 anos,
completados em 2007, ancorado em "Vau da Sarapalha"
(1992). A recriação do conto de
João Guimarães Rosa, encenada por Luiz Carlos Vasconcelos, marcou a história do coletivo de João Pessoa (PB) - e a cena brasileira da década passada
-ao expressar a cultura popular no sumo. Forma e conteúdo
regionais e universais, mas sem
exotismo.
Em seu novo espetáculo, "A
Gaivota (Alguns Rascunhos)",
o Piollin tenta livrar-se do estigma do sucesso que estanca.
Depois de "Sarapalha", que
viaja pelo Brasil e pelo exterior,
o grupo não gerou outro espetáculo - seus atores participaram de projetos pontuais.
"Debatemos sobre esse estigma que nos incomodava. Agora
encaramos com mais tranqüilidade. O público não quer se livrar do passado, mas para a
gente é uma coisa superada",
diz o ator Nanego Lira, 43.
"Continuamos a fazer ["Sarapalha'] porque o espetáculo é
bom e o público quer ver, e não
porque não conseguimos fazer
outra coisa."
Pela primeira vez, o grupo
trabalha com um diretor convidado. O carioca Haroldo Rêgo,
38, também assina a adaptação
do clássico do russo Anton
Tchecov (1860-1904). Segundo
Rêgo, o subtítulo "alguns rascunhos" indica que se trata
mais de um processo do que de
tentativa de chegar a um resultado. "Nesse sentido, a idéia do
esboço complementa a estrutura narrativa que criamos."
Sua releitura preserva cerca
de 30% do original, circulando
em dois triângulos amorosos
para corresponder ao elenco
formado por quatro atores e
uma atriz (além de Nanego,
Ana Luisa Camino, Buda Lira,
Everaldo Pontes e Paulo Soares).
"Alguns personagens de
Tchecov são artistas falando
sobre arte o tempo inteiro.
Trocamos nossa experiência de
criação com as que o autor propõe em seu texto, lidando com
a linha tênue que divide ficção
e realidade", diz Rêgo.
A montagem enfatiza a relação entre os atores e destes
com o espectador. Não há propriamente uma representação,
diz o diretor, que investe no
sentido de presença, no olho no
olho com a platéia mantida
próxima da cena. Nos ensaios,
quando perguntado sobre como montar um clássico com
sotaque nordestino, Nanego
Lira respondia com outra pergunta: "E clássico tem sotaque
sudestino?"
A GAIVOTA (ALGUNS RASCUNHOS)
Onde: Caixa Cultural - salão térreo
(pça. da Sé, 111, tel. 0/xx/11/ 3321-4400)
Quando: estréia hoje, às 19h; amanhã,
às 19h; e sáb. e dom., às 17h. Até
18/11
Quanto: entrada franca (retirar ingressos com antecedência)
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