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Revolta da Chibata sobe ao palco
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O espetáculo mais recente do
grupo paulista Teatro Popular
União e Olho Vivo (Tuov), 35
anos, pretende iluminar um dos
porões da história do país.
"João Cândido do Brasil - A Revolta da Chibata", que faz pré-estréia amanhã na sede do grupo e
entra em cartaz em março, retrata
o episódio de 1910, no Rio, quando marujos, a maioria negros, se
rebelam por causa das condições
de trabalho nos navios da Marinha, sob a lei do chicote.
Liderados pelo gaúcho João
Cândido Felisberto (1880-1969),
os marinheiros dominam os couraçados "Minas Geraes" e "São
Paulo", ancorados na baía, miram
os canhões para a cidade do Rio e
ameaçam dispará-los.
Ministros, congressistas e o então presidente Marechal Hermes
da Fonseca reúnem-se e decidem
atender à carta de 21 de novembro
de 1910, enviada por um dos marujos, Francisco Dias Martins, o
Mão Negra, na qual se lê o seguinte trecho: "Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos,
não podendo mais suportar a escravidão da Marinha Brasileira, a
falta de proteção que a Pátria nos
dá e até então não nos chegou,
rompemos o negro véu que nos
cobria aos olhos do patriótico e
enganado povo".
As autoridades recuam, mas ao
custo de revide, dias depois,
quando centenas de marinheiros,
desarmados, são torturados e
mortos ao lado de operários e
prostitutas, todos encurralados
em episódios esparsos. Os sobreviventes vão para o presídio da
Ilha das Cabras, entre eles João
Cândido, depois internado à força
em hospital psiquiátrico.
Segundo o diretor César Viera,
66, o episódio ainda é tabu.
(VS)
JOÃO CÂNDIDO DO BRASIL - A
REVOLTA DA CHIBATA. Texto e direção:
César Vieira. Com: Teatro Popular União
e Olho Vivo. Onde: Tuov (r. Newton
Prado, 766, Bom Retiro, SP, tel. 0/ xx/11/
3331-1001). Quando: pré-estréia
amanhã, às 18h30. Entrada franca.
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