|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BEBIDA
Velho e Novo Mundo produzem espumantes de bom custo-benefício, opções para as celebrações de Natal e Réveillon
Borbulhas mais baratas ganham o mundo
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Charmosos, com paladar cremoso e vivaz, e um perfil borbulhante que transmite desde a taça
certa euforia e agitação, os espumantes ganham mais força nas
comemorações das festas de fim
de ano.
Para uma bebida milenar, como
o vinho, este tipo de gole pode ser
considerado de criação recente. O
seu berço original é a região de
Champagne, no norte da França.
Muitos acreditam que foi um
monge beneditino, Dom Perignón, nomeado, em 1668, administrador da abadia de Hautvillers (e
portanto da sua adega) o primeiro
a conseguir encerrar as mágicas
esferinhas de gás carbônico dentro das garrafas, brindando o
mundo com os primeiros champanhes. Aliás, vale a pena lembrar
que, como dizem os franceses,
não há outro champagne além do
produzido na região de Champagne.
Mas hoje em dia, quase todo
país vinícola do Velho ou do Novo Mundo tem seus espumantes,
boas alternativas para substituir
os (infelizmente caros) originais
gauleses, como as sugeridas a seguir, todas do tipo Brut, o mais seco.
A Espanha é um importante
produtor deles. Para evitar conflitos com os seus vizinhos franceses, os espanhóis chamam de "cava" os seus espumantes elaborados pelo método "champegnoise"
(também denominado clássico
ou tradicional), no qual a segunda
fermentação, que dá ao vinho as
suas bolhas, é realizada na própria
garrafa (outro método muito utilizado é o charmat, em que a espuma surge por fermentação em
grandes tanques).
A Catalunha lidera a elaboração
de cavas. Cerca de 95% delas nasce naquele lindo canto do nordeste da península. A Codorníu é
uma das maiores (e mais tradicionais) produtoras de lá. Um dos
seus fundadores, José Raventós,
assinou as suas primeiras borbulhas já em 1872, e, entre as boas
pedidas da casa, está a intensa Anna de Codorníu Reserva.
Juvé & Camps é outro produtor
ibérico de destaque. Vale a pena
conferir o seu rosé, com estrutura
capaz de escoltar uma boa vitela
assada.
Os portugueses também têm
bons espumantes, e o seu principal berço é a Bairrada, no centro-leste da "terrinha", onde a sua elaboração tem tradição secular. O
Quinta do Valdoeiro 2002 mostra
de forma bem clara a qualidade
que os lusitanos conseguem naquelas bandas.
Os italianos merecem também
ser lembrados, já que estão lançando garrafas cada vez mais interessantes. Uma das últimas a desembarcar por aqui é o Faìve, de
Nino Franco -renomado produtor do Veneto no norte da "bota"- um vinho extremamente
agradável e perfumado.
Já em terras americanas, menção para uma bela estréia chilena,
o Santa Carolina, um chardonnay
atraente, de aroma e sabor intenso -e custo-benefício imbatível.
Impossível esquecer aqui os
(belos) espumantes gaúchos, com
destaque para três adegas. A primeira é a Chandon, com o seu
Brut, um vinho elegante, já um
clássico tupiniquim. A segunda é
a Valduga, que tem lançado vinhos como o Estações Primavera
2004, um rosé que enfrenta muitos importados. E, para encerrar,
a Salton, que conta com uma linha sólida de espumantes, com
exemplares como o Prosecco
2005 (melhor do que muitos dos
originais italianos) e onde brilha o
Evidence, provavelmente o melhor espumante nacional do momento.
E para quem faz questão de beber mesmo um champanhe nas
próximas festas, uma boa opção é
o Carte D'Or da Drappier, pequena casa familiar de Aube, no sul
da Champagne, que tem goles
bem delineados, marcados pelo
delicioso aroma de fruta e pão
fresco típico dos vinhos da região.
Texto Anterior: Comida: Natal nos trópicos Próximo Texto: Bebida deve ser degustada jovem e a 8 Índice
|