São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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BEBIDA

Velho e Novo Mundo produzem espumantes de bom custo-benefício, opções para as celebrações de Natal e Réveillon

Borbulhas mais baratas ganham o mundo

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Charmosos, com paladar cremoso e vivaz, e um perfil borbulhante que transmite desde a taça certa euforia e agitação, os espumantes ganham mais força nas comemorações das festas de fim de ano.
Para uma bebida milenar, como o vinho, este tipo de gole pode ser considerado de criação recente. O seu berço original é a região de Champagne, no norte da França. Muitos acreditam que foi um monge beneditino, Dom Perignón, nomeado, em 1668, administrador da abadia de Hautvillers (e portanto da sua adega) o primeiro a conseguir encerrar as mágicas esferinhas de gás carbônico dentro das garrafas, brindando o mundo com os primeiros champanhes. Aliás, vale a pena lembrar que, como dizem os franceses, não há outro champagne além do produzido na região de Champagne.
Mas hoje em dia, quase todo país vinícola do Velho ou do Novo Mundo tem seus espumantes, boas alternativas para substituir os (infelizmente caros) originais gauleses, como as sugeridas a seguir, todas do tipo Brut, o mais seco.
A Espanha é um importante produtor deles. Para evitar conflitos com os seus vizinhos franceses, os espanhóis chamam de "cava" os seus espumantes elaborados pelo método "champegnoise" (também denominado clássico ou tradicional), no qual a segunda fermentação, que dá ao vinho as suas bolhas, é realizada na própria garrafa (outro método muito utilizado é o charmat, em que a espuma surge por fermentação em grandes tanques).
A Catalunha lidera a elaboração de cavas. Cerca de 95% delas nasce naquele lindo canto do nordeste da península. A Codorníu é uma das maiores (e mais tradicionais) produtoras de lá. Um dos seus fundadores, José Raventós, assinou as suas primeiras borbulhas já em 1872, e, entre as boas pedidas da casa, está a intensa Anna de Codorníu Reserva.
Juvé & Camps é outro produtor ibérico de destaque. Vale a pena conferir o seu rosé, com estrutura capaz de escoltar uma boa vitela assada.
Os portugueses também têm bons espumantes, e o seu principal berço é a Bairrada, no centro-leste da "terrinha", onde a sua elaboração tem tradição secular. O Quinta do Valdoeiro 2002 mostra de forma bem clara a qualidade que os lusitanos conseguem naquelas bandas.
Os italianos merecem também ser lembrados, já que estão lançando garrafas cada vez mais interessantes. Uma das últimas a desembarcar por aqui é o Faìve, de Nino Franco -renomado produtor do Veneto no norte da "bota"- um vinho extremamente agradável e perfumado.
Já em terras americanas, menção para uma bela estréia chilena, o Santa Carolina, um chardonnay atraente, de aroma e sabor intenso -e custo-benefício imbatível.
Impossível esquecer aqui os (belos) espumantes gaúchos, com destaque para três adegas. A primeira é a Chandon, com o seu Brut, um vinho elegante, já um clássico tupiniquim. A segunda é a Valduga, que tem lançado vinhos como o Estações Primavera 2004, um rosé que enfrenta muitos importados. E, para encerrar, a Salton, que conta com uma linha sólida de espumantes, com exemplares como o Prosecco 2005 (melhor do que muitos dos originais italianos) e onde brilha o Evidence, provavelmente o melhor espumante nacional do momento.
E para quem faz questão de beber mesmo um champanhe nas próximas festas, uma boa opção é o Carte D'Or da Drappier, pequena casa familiar de Aube, no sul da Champagne, que tem goles bem delineados, marcados pelo delicioso aroma de fruta e pão fresco típico dos vinhos da região.


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