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COMENTÁRIO
Quarteto quebrou barreira entre rock e música para pista
CAMILO ROCHA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Graças ao revival corrente, muita gente deve
imaginar os anos 80 como
um glorioso momento pop,
legítimos bons tempos. Um
erro. Existiam, claro, as saudáveis cenas de indie-pop
inglês, electro, hip hop e tecnopop, além das melhores
fases de Madonna e Prince.
Mas quem dominava eram
Dire Straits e Alphaville.
O preconceito corria solto.
Depois que a disco foi limada da superfície pop, quase
tudo relacionado a dançar
batidas mecânicas repetitivas era visto como pobre, raso e efeminado. Quem gostava de solo de guitarra não
podia gostar de Madonna.
Com "Blue Monday", o
New Order bagunçou todas
as peças do tabuleiro. Era
um quarteto tocando instrumentos "de verdade" e descendiam do Joy Division,
cultuadíssima banda dos
anos 70. Gravavam por um
dos selos independentes
mais formidáveis que o Reino Unido já teve, o Factory.
Eram parte importante do
rock underground mais bacana da época.
E lançaram "Blue Monday", dominada por um bate-estaca eletrônico dos mais
retos, com influência escancarada de Donna Summer/
Giorgio Moroder, com mais
de sete minutos de prazer
rítmico-melódico, cujo alvo
eram corpos suados se movendo sob luzes estroboscópicas. A produção era limpa
e aerodinâmica, um salto em
relação ao New Order inicial.
Foi um estouro. O New Order iniciava assim um longo
casamento com a música para pista. De tabela, mudaram
as vidas de milhões de ouvintes, que passaram a encarar batidas dançantes com
outros ouvidos.
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