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São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 2003

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COMENTÁRIO

Quarteto quebrou barreira entre rock e música para pista

CAMILO ROCHA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Graças ao revival corrente, muita gente deve imaginar os anos 80 como um glorioso momento pop, legítimos bons tempos. Um erro. Existiam, claro, as saudáveis cenas de indie-pop inglês, electro, hip hop e tecnopop, além das melhores fases de Madonna e Prince. Mas quem dominava eram Dire Straits e Alphaville.
O preconceito corria solto. Depois que a disco foi limada da superfície pop, quase tudo relacionado a dançar batidas mecânicas repetitivas era visto como pobre, raso e efeminado. Quem gostava de solo de guitarra não podia gostar de Madonna.
Com "Blue Monday", o New Order bagunçou todas as peças do tabuleiro. Era um quarteto tocando instrumentos "de verdade" e descendiam do Joy Division, cultuadíssima banda dos anos 70. Gravavam por um dos selos independentes mais formidáveis que o Reino Unido já teve, o Factory. Eram parte importante do rock underground mais bacana da época.
E lançaram "Blue Monday", dominada por um bate-estaca eletrônico dos mais retos, com influência escancarada de Donna Summer/ Giorgio Moroder, com mais de sete minutos de prazer rítmico-melódico, cujo alvo eram corpos suados se movendo sob luzes estroboscópicas. A produção era limpa e aerodinâmica, um salto em relação ao New Order inicial.
Foi um estouro. O New Order iniciava assim um longo casamento com a música para pista. De tabela, mudaram as vidas de milhões de ouvintes, que passaram a encarar batidas dançantes com outros ouvidos.


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