São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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CDs

Rock
The Destroyed Room - B-Sides and Rarities
    
SONIC YOUTH
Gravadora:
Universal; Quanto: R$ 26, em média
Alguns hits alternativos no final dos anos 80 e a quase imersão no furacão grunge dos 90 deram a impressão errada de que o Sonic Youth era uma banda de rock assimilável. Sua outra faceta, que tem mais a ver com o universo da cena artística não apenas musical de Nova York, envolve experimentações antipop, dissonantes e desafiadoras. Não é para qualquer ouvido. O título auto-explicativo reúne material a partir de "Experimental Jet Set, Trash & No Star" (94). A versão na íntegra de "The Diamond Sea", por exemplo, tem quase 26 minutos de uma jam esquizofrênica regada a distorções de guitarras.
POR QUE OUVIR: esqueça o senso comum que coloca a banda no mesmo degrau dos momentos mais fracos de Yoko Ono. O grupo vem criando um bólido musical e artístico cada vez mais fascinante. (BRUNO YUTAKA SAITO)

Jazz
Fake Standards
   
RODRIGO RODRIGUES
Gravadora:
Dubas; Quanto: R$ 18, em média
Misture 14 clássicos do jazz e do pop norte-americano com vocais, violão ou guitarra à John Pizzarelli, arranjos bem-humorados e pitadas de Chet Baker e Caetano Veloso. Essa é, mais ou menos, a receita do álbum que Rodrigo Rodrigues, integrante do grupo paulista Música Ligeira, deixou inédito ao morrer, em 2005, aos 44 anos. Produzido por ele e Mário Manga, destaca versões "cool" de pérolas como "Love Me or Leave Me" (com introdução "emprestada" de "Harlem Twist", de Duke Ellington), "My Funny Valentine" e "I've Never Been in Love Before", que inclui um solo de gaita.
POR QUE OUVIR: além de ser um intérprete sensível, Rodrigues dividia com Manga a criação das divertidas releituras de sucessos da MPB e do pop que o Música Ligeira costumava cometer em seus shows. (CARLOS CALADO)

Samba
Os Mais Belos Sambas-Enredo de Todos os Tempos
   
DUDU NOBRE
Gravadora:
Universal; Quanto: R$ 28, em média
É preciso -mesmo sendo difícil- espanar a "marquetagem" que está por trás do primeiro CD de Dudu Nobre pela Universal para reconhecer qualidades. Registro em estúdio de 12 sambas-enredo escolhidos pelo público do "Domingão do Faustão", seu maior mérito é o repertório. Não são necessariamente "os mais belos" (e "Heróis da Liberdade"?; e "Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira"?), mas são lindos sambas. Amparado pelo produtor Rildo Hora -que exagera em algumas cordas-, Dudu encontra tom e andamento adequados à sua voz. "Kizomba" e "Os Sertões" estão entre os destaques.
POR QUE OUVIR: o gênero anda tão maltratado que vale aproveitar interpretações honestas desses ótimos exemplares. (LUIZ FERNANDO VIANNA)

Rock
Ao Vivo
   
GRAFORRÉIA XILARMÔNICA
Gravadora:
Senhor F; Quanto: R$ 22,50
Não há nada mais irritante do que uma piada interna -para quem está por fora, claro. A banda gaúcha Graforréia Xilarmônica, mesmo que seja uma espécie de grande piada interna, no entanto, consegue furar a bolha de cult regional. Desde o final dos anos 80 vem conquistando fãs Brasil afora, dentro da cena alternativa, com sua mistura de jovem guarda, milonga, temas regionais e punk. Parece uma fórmula fácil, mas não é. Com esse registro ao vivo, deixam claro que a debandada do grupo, no começo dos anos 2000, não deve ser levada muito a sério. A produção, dos onipresentes Kassin e Berna Ceppas, fez questão de enfatizar o aspecto rústico da banda, soando quase como um CD-demo.
POR QUE OUVIR: comendo pelas bordas do pop-rock nacional, a Graforréia toca "hits" como "Amigo Punk", "Eu" (regravada pelo Pato Fu) e "Empregada" (conhecida na voz de Wander Wildner) (BYS)

Instrumental
Africasiamerica
   
LELO NAZÁRIO
Gravadora:
Editio Princeps; Quanto: R$ 25, em média
Ex-integrante do Grupo Um e do Pau Brasil, o pianista, compositor e arranjador paulista tem contribuído ativamente, desde os anos 80, para expandir os horizontes da chamada música instrumental brasileira. Com uma abordagem contemporânea, ele combina instrumentos eletrônicos e acústicos, em composições originais, como a percussiva "Convite ao Vento", a soturna "Passado Presente" e a extensa "Perplex City", que remete ao jazz-rock dos anos 70. Os músicos Teco Cardoso (sopros), Felipe Ávila (guitarras) e Mônica Salmaso (vocais) aparecem entre os convidados.
POR QUE OUVIR: Lelo Nazário é um experimentador inventivo. Sua obra transita com naturalidade entre os aparentes limites da música instrumental brasileira com o jazz e a música contemporânea de vanguarda. (CARLOS CALADO)

Instrumental
Camerístico
   
MARCO PEREIRA
Gravadora:
Biscoito Fino; Quanto: R$ 28,90
Dono de toque refinado e sonoridade cristalina, o violonista Marco Pereira faz uma interessante pesquisa de instrumentação: ao acompanhamento orquestral constante, opõe, a cada faixa do CD, um número crescente de solistas -uma espécie de "concertino" barroco, no qual o violão sola sempre, podendo aparecer ao lado do bandolim virtuose de Hamilton de Holanda, ou como membro de um quarteto de violões, ou de um quinteto de câmera de formação heterogênea.
POR QUE OUVIR: a felicidade melódica de "Liz", do próprio Pereira, já seria motivo suficiente para prestar atenção em um álbum que traz ainda coloridas suítes sobre temas de Baden Powell e Dorival Caymmi. (IRINEU FRANCO PERPETUO)


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