São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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ANÁLISE

Brasil começa a ser aceito como índice moderno

DA REPORTAGEM LOCAL

Brasileiríssima na aparência, a experiência do indie samba talvez seja tanto estrangeira quanto um retorno à raiz ou algo parecido. A geração mangue beat trouxe como quase clichê o uso do termo "samba" em nomes de CDs. Era bem mais misturada que isso.
Hoje o "samba" migra dos rótulos para os sons propriamente ditos. Ainda assim, quando feito em São Paulo, parece menos código genético que ferramenta experimental. O emprego de samba por uma banda inventiva e intuitiva como o Numismata lembra menos Cartola ou Monsueto, mais a adoção em decalque do hip hop por Racionais MC's & cia.
Por outro viés acontece algo parecido com Romulo Fróes, cujo "Calado" parece ao primeiro contato um disco de samba-samba. É só impressão. A profunda melancolia que o move talvez tenha raiz nos sambas-canção que seu pai ouvia, mas foi filtrada, em algum momento, pelo espírito dark de Robert Smith, pelo imaginário londrino que sempre nutriu a molecada paulistana.
A grande novidade, compatível com o Brasil de Lula, é que o que sempre existiu como mera e tenaz alergia a qualquer som "made in Brazil" devagarinho começa a ceder à identidade local.
Hoje Thee Butchers Orchestra pode continuar a fazer punk acelerado em inglês, mas seu líder também atua em outra banda, brasileiramente batizada de Cansei de Ser Sexy. Hoje podem existir, sem tanto susto assim, as experiências de indie samba de Numismata e Romulo Froes, entre outros tantos que já devem se espalhar por aí. (PAS)


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