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ANÁLISE
Brasil começa a ser aceito como índice moderno
DA REPORTAGEM LOCAL
Brasileiríssima na
aparência, a experiência
do indie samba talvez seja
tanto estrangeira quanto um
retorno à raiz ou algo parecido. A geração mangue beat
trouxe como quase clichê o
uso do termo "samba" em
nomes de CDs. Era bem
mais misturada que isso.
Hoje o "samba" migra dos
rótulos para os sons propriamente ditos. Ainda assim,
quando feito em São Paulo,
parece menos código genético que ferramenta experimental. O emprego de samba por uma banda inventiva
e intuitiva como o Numismata lembra menos Cartola
ou Monsueto, mais a adoção
em decalque do hip hop por
Racionais MC's & cia.
Por outro viés acontece algo parecido com Romulo
Fróes, cujo "Calado" parece
ao primeiro contato um disco de samba-samba. É só
impressão. A profunda melancolia que o move talvez
tenha raiz nos sambas-canção que seu pai ouvia, mas
foi filtrada, em algum momento, pelo espírito dark de
Robert Smith, pelo imaginário londrino que sempre nutriu a molecada paulistana.
A grande novidade, compatível com o Brasil de Lula,
é que o que sempre existiu
como mera e tenaz alergia a
qualquer som "made in Brazil" devagarinho começa a
ceder à identidade local.
Hoje Thee Butchers Orchestra pode continuar a fazer punk acelerado em inglês, mas seu líder também
atua em outra banda, brasileiramente batizada de Cansei de Ser Sexy. Hoje podem
existir, sem tanto susto assim, as experiências de indie
samba de Numismata e Romulo Froes, entre outros
tantos que já devem se espalhar por aí.
(PAS)
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